Primavera Árabe foi o nome escolhido para nominar a onda de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe que eclodiu em 2011. A raiz dos protestos é o agravamento da situação dos países, provocado pela crise econômica (iniciada em 2008) e pela falta de democracia. A população sofre com as elevadas taxas de desemprego, o alto custo dos alimentos, pede melhores condições de vida e principalmente clama por justiça. Após anos de ditaduras, muita das quais fundamentadas em regimes teocráticos não raro configura-se o fato de gerações inteiras não saberem como lidar com a liberdade adquirida, quando e se, efetivamente isso ocorre. Ruy Barbosa certa vez disse que “De tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra, desanimar-se da justiça e ter vergonha de ser honesto”. Será que seria isso que acontecera conosco? Será que perdemos a esperança em dias melhores? Seria o conceito de justiça algo tão abstrato e moldável assim?
Infelizmente desanimar-se da justiça configura-se em uma atitude que beira a patologia. Indivíduos altamente desenvolvidos e espiritualizados não admitem outro fundamento, que não a justiça, para suas ações éticas. Fazer o bem, fazer o certo, respeitar as pessoas e instituições deve ser um estilo de convivência e não uma prática determinada por convicções egoístas. Sendo feminina em seu gênero a justiça necessita ser gerada no ventre da imparcialidade sempre. Ela não é benevolente nem assistencialista; a justiça é objetivamente ética e respeitadora. Ela encontra-se ao lado da verdade sem ser personalista. Deve frustrar os que se valem da mentira, desonestidade e dos que desprezam o direito.
Por fim Blaise Pascal, filosofo francês, certa vez escreveu:
“É justo que o que é justo seja seguido e é necessário que o que é mais forte seja seguido. A justiça sem a força é impotente; a força sem a justiça é tirânica. A justiça sem a força é contestada, porque há sempre maus; a força sem a justiça é acusada. É preciso, portanto pôr em conjunto a justiça e a força, e, por isso, fazer com que o que é justo seja forte, e o que é forte seja justo. “