Discos Memoráveis de 2013

Antes um aviso: alguns discos contém links pra download outros só o link pra ouvir outros o áudio no youtube. Procuro respeitar a opção de cada artista.

Essa lista foi postada primeiramente no Medium. Eu reposto ela aqui na inocente esperança que os crentes abram seus ouvidos pra experiências musicais diferentes principalmente no âmbito de produção brasileira. Quem sabe um dia a gente para de imitar o U2, os Vencedores (que são uma cópia do Clube da Esquina) e comece a imitar sons que nem tanta gente conhece. Quem sabe…


A espetacular charanga do França

Sob a batuta do saxofonista Thiago França essa charanga reúne uma mistura de ritmos que faz um caldo com tudo o que aparecer na frente. Um disco instrumental, pesado e que faz uma mistura bem interessante e suingada. Uma pegada percursiva com um pé na afrobeat e outro no brasilandia.

Cícero — Sábado

Continua intimista, quieto e silencioso. Nesse disco, Cícero abriu mão dos refrões e dos mantras que eram característica do primeiro disco mas não largou dos arranjos simples, da voz macia, daquela coisa de João Gilberto reformulado pra um som com cara de anos 10.

Emicida — O glorioso retorno de quem nunca esteve aqui


O primeiro albúm de um dos melhores MCs do Brasil não deixa cair (antes ele só tinha lançado mixtapes). Rimas certeiras, trabalhadas e incomuns, Emicida domina o ritmo e a poesia como poucos continuando no rap as experimentações poéticas de Chico Buarque e Paulinho da Viola. O que mais me chama atenção nesse disco é que mesmo com toda a brasilidade esse disco é essencialmente um disco de rap.

Wado — Vazio tropical

Eu sempre tive uma birra com o Wado, tentava ouvir mas não pegava, sempre tinha algo que me desagradava. Mas esse Vazio Tropical é diferente. Aquela bossa nova reinventada, aqueles sambinhas deliciosos, letras impressionantes (que é uma marca do catarinense-alagoano), e a guitarrinha caribenha compõem músicas simples e belas. Um disco bom de se ouvir.

Marcelo Jeneci — De Graça

Marcelo Jeneci me parece o comandante de uma nave musical composta por músicas fáceis e profundas com arranjos grandiosos (mas também simples; a música é bem cheia, mas os instrumentos são poucos). O segundo disco continua seguindo essa linha, um disco que consegue ser pop com belas canções e arranjos maravilhosos. Jeneci consegue ser otimista com algo permeia a auto-ajuda e problemas urbanos. Descrevendo assim parece que o disco é fórmula de algo vendável e descartável, mas Jeneci consegue usar toda essa vulgaridade com uma riqueza única.

Mundo Livre S.A. vs. Nação Zumbi

Um disco histórico por si só que vai além de um reencontro (já que os dois grupos formavam a orquestra Manguefônica nos anos 90) agora reinterpretam e reconstroem músicas um do outro dentro desse projeto da gravadora Deckdisk. O Mundo Livre praticamente faz novas músicas trazendo cores diferentes pra músicas consagradas da Nação. A Nação traz pra si músicas do Mundo Livre. Um encontro fantástico de versões inesperadas.


Tem dois discos que não ouvi que devem entrar nessa lista: o Passo Elétrico do Passo Torto e o segundo disco do Bixiga 70. Passo torto é o que há em termo de samba contemporâneo, é praticamente uma reinvenção do ritmo. Bixiga 70 traz pro Brasil a pegada afrobeat de Fela Kuti e cia. Acho difícil ficar ruim. Mas não ouvi, por isso fica somente como menção honrosa.


Os gringos

Arcade Fire — Reflektor

Produzido por James Murphy (o maestro da falecida LCD Soundsystem) esse disco deixa o caminho tradicional da banda e vai pra pista de dança com arranjos bem elétricos e robóticos que se dividem entre a experimentação e a música pra dançar.

David Bowie — The Next Day

Bowie é Bowie, né não? Eu confesso que não esperava muito desse disco novo, porque o cara já fez coisa pra caramba e muito desses caras velhos quando voltam fazem algo estranho. Porém Bowie foi por um caminho meio básico, se bastou em fazer um disco bom. Não é uma mudança de paradigma na música, nem uma tentativa disso, mas é um bom disco de rock com cara do nosso tempo. Bowie continua sendo Bowie.

Daft Punk — Random Access Memories

Os caras mudaram a música eletrônica nos anos 90 e agora pegaram um caminho completamente contrário do que sempre fizeram ao pegar instrumentos e trazer à tona a disco dos anos 70, além de mostrar pra muita gente caras super importantes da disco music como Giorgio Moroder e Niles Rodgers e emplacar um hit com um refrão chiclete com Get Lucky.

Posted in Artigos and tagged , .