A minha igrejinha-jinha tão bonitinha.

A minha igrejinha-jinha tão bonitinha.

A infantilização dos cristãos contemporâneos e seus reflexos na ação continuada da missão cristã como vetor de transformação espiritual e social.

Eu comecei a frequentar igrejas evangélicas lá por meus 17 anos de idade, vindo de uma cultura católica herdada de meus pais, mais especificamente, da família da minha mãe. Neste meu primeiro contato com a cultura evangélica e com a fé, eu frequentei durante um período de tempo, duas instituições, um grupo interdenominacional que havia sido desligado da ICAR por pregarem valores contrários a esta instituição (grupo este em que, apesar dos grandes absurdos e abusos que vi por lá, acabou sendo um dos maiores incentivadores da minha saída da igreja romana) e também uma igreja evangélica formalizada, a qual eu e minha família, viríamos a nos tornar membros até a ocasião de deixarmos o país, onde tive meu primeiro contato com um evangelho genuíno e com “homens de Deus” realmente comprometidos com a vida cristã. Paralelo a isso, eu vinha sendo “evangelizado” por uma colega de escola, com uma série de livrinhos de uma religião que aparentemente, era cristã também, mas da qual muita gente me vinha falando mal e dizendo para me apartar dela e nem mesmo passar os olhos pela literatura com que era presenteado. Questionei dois lideres sobre isso tudo: o PASTOR da igreja e o LIDER DE CELULA do grupo e as respostas que tive, foram diametralmente opostas em seus julgamentos. Do LIDER DE CELULA, ouvi:

– Cara, sai fora disso, é uma religião maluca, que não tem nada a ver com a gente. Somos evangelicos e não precisamos de mais nada para nos acrescentar a fé… NÃO LEIA OS LIVROS

Ao passo que do PASTOR eu ouvi:igreja de brinquedo

– Eu já li alguns livros deles, confesso que por curiosidade, mas não gostei muito do material… Mas leia-o e não o considere como verdade absoluta nada do que você ler por lá… alias, nem a bíblia você pode considerar como verdade absoluta assim, sem uma outra análise ou a visão de outras pessoas, pois a chance de lhe parecer VERDADE e não verdade se tratar apenas de uma má interpretação, é muito grande… Assim, lhe aconselho a ler os livros e depois vamos conversar sobre o texto, e se surgirem duvidas anote e venha me perguntar, vamos conversar sobre isso.

Sentiu a NADA sutil diferença entre a resposta de um e do outro?

– BARBA… Mas aonde você quer chegar? – Vc se questiona e tão logo surge esse questionamento, venho eu, seu narrador, trazendo-lhe a resposta.

Há alguns dias, baseado em algumas twitadas que eu mandei durante a tarde, o amigo Pedro Angella do NoBarquinho teve o cuidado e favor de, a pedido de alguns outros seguidores, compilá-las eu um único arquivo-texto, o qual eu revisei e acabei por publicá-lo no blog, tornando-se em alguns dias, o segundo post (até o momento) mais comentado de lá, que trata sobre a minha opinião sobre a briga entre CRENTES e LGBTs que vemos se desenvolver no campo político do nosso país, e neste texto, consegui observar algumas coisas que são se uma importância vital para a igreja… e não, não é a aprovação ou não do casamento igualitário, é algo muito mais importante e é, oque sigo comentando no próximo paragrafo.

Não tive duvidas que muitas pessoas viriam me dizer que eu estou errado e outras que eu estou certo, afinal de contas, parafraseando o grande poeta da língua brasileira, “A discussão é natural em qualquer desentendimento e tudo é só questão de opinião”, e claro que não me impressionei em ver pessoas completamente contra, parcialmente contra, parcialmente favorável ou completamente favorável à minha opinião… isso é mais que normal e até muito saudável, pois não sei oque me dá mais medo, todos contra ou todos favoráveis às minhas ideias, afinal, como sempre gosto de frisar: Quem concorda com TUDO oque eu digo, com certeza deve não ter entendido alguma coisa do que eu disse.

O texto continha, duas palavras que poderiam ser consideradas pelos mais conservadores como ofensivas, ou no evangeliquês, tidas como PALAVRAS TORPES, e são elas as palavras “PORRA” e “MERDA”.

OBS.: ANTES DE QUALQUER COISA… SE VC SE OFENDEU COM ESSAS DUAS PALAVRAS AQUI, NÃO PARE DE LER, ESTE TEXTO FOI ESCRITO ESPECIALMENTE PARA VC… AGUENTE MAIS UM POUCO, POR FAVOR.

Essas duas palavras estavam nas entrelinhas do texto, a primeira delas expondo um momento de grande indignação minha e a segunda, que nem estava no corpo do texto original, mas fazia parte de uma pequena observação que fiz ao final, considerando alguns argumentos utilizados por alguns como de baixíssima categoria a ponto de serem desprezíveis. Meu, o ponto também não é se as pessoas devem achar CERTO ou ERRADO falar palavrão… Tem que ache certo, errado, desnecessário, imprescindível, etc… Não é também esse o julgamento que quero fazer, pelo contrário, quero que cada um julgue por si mesmo a maneira como quer se comunicar, se é CERTO ou ERRADO, é outro dos pontos que, como comentado a pouco, alguns concordam e outros não, normal.

O problema é que ouvi algumas pessoas comentarem, que, por haver as citadas palavras torpes, não continuariam lendo o texto… (pausa dramática enquanto fico fitando as pessoas da plateia)

Compreendeu o problema desse tipo de afirmação?! Se não compreendeu, eu vou tentar explicar com mais detalhes: Algumas pessoas se recusaram a ler um texto que lhe havia interessado de inicio, afinal de contas, se deram ao trabalho de clicar no link e acessar o blog, e por conta de uma palavra que desagradou seus olhos, qualquer construção argumentativa é jogada no lixo? Qualquer conhecimento prévio ou qualquer opinião é descartada sem qualquer julgamento? Amiguinhos e amiguinhas, leitoras deste humilde blog, vocês estão entendendo oque atitudes como essas representam para o avanço a missão da igreja na terra? Se não conseguimos transpor essa nossa maldita síndrome de Ned Flanders que nos impede de dialogar com quem discorda das nossas posições e não conseguirmos estabelecer um dialogo franco mesmo que em oposição, com quem defende valores contrários aos que defendemos, quando conseguiremos ser, de fatos, EVANGELISTAS? Quando conseguiremos estabelecer uma ponte entre o cristianismo e o não-cristianismo, que não seja baseado pura e simplesmente num sistema recompensatório, onde apresentamos nossa verdade a quem não tem capacidade ou coragem de discordar, pois anceia a recompensa que o “evangelista” tem para dar a todo aquele que de om coração aceitar a palavra de Jesus Cristo!? Estamos vendendo Jesus tão barato, em troca de um prato de sopa, uma clínica de recuperação, uma promessa de casamento feliz que quando alguém diz: NÃO PRECISO DE NADA QUE ESSE SEU DEUS POSSAS ME DAR, acabamos como crianças choronas, correndo pra casa porque ninguém quer brincar. Se não conseguimos concluir a leitura de um texto por conta de algumas palavras que discordamos, imagine um texto com IDEIAS que discordamos… Como dialogaremos com sinceridade com que é favorável ao casamento igualitário, legalização de drogas, aborto e tantos outros assuntos que geram tanta polêmica dentro das comunidades cristãs? Se nossos olhos ficam ofendidos com uma palavra que ouvimos TODOS OS DIAS, como compreenderemos o ponto de vista de outras pessoas sem ser completamente preconceituoso generalizando os grupos contrários partindo do discurso de um único indivíduo deste grupo e enfim, como poderemos ABRIR OS OLHOS DOS CATIVOS se não temos nem o interesse de entender qual é o problema que lhes afligem?

Sinceramente, eu tive a grande honra de ouvir 1 Tessalonicenses 5:21 já nos primeiros dias da minha caminhada com Cristo e tenho tido a decência de ouvir tudo, ler tudo, assistir tudo, e por fim, conversar com todos, sempre com o cuidado de compartilhar minhas impressões com quem tem mais conhecimento que eu, para que juntos possamos julgar a validade ou não dos argumentos, e tentando, minimamente, não ser preconceituoso e não julgar toda uma obra apenas por um ou outro ponto de discordância, e isso tem me dado, dia a dia, a oportunidade de acessar lugares e pessoas que estão sedentas de Deus, mas que muitos crentes nunca tiveram nem sequer a bondade de lhe ouvir as duvidas, ates de lhe apresentar uma resposta pronta, uma verdade fast-food e carregada de preconceito?

Vc vai deixar que qualquer MERDA impeça você de continuar a missão da igreja?

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