ScholeQueÉ – Introdução ao livro de Naum – Ninguém é tão poderoso assim #033

Naum

Introdução ao Livro de Naum – Ninguém é tão poderoso assim

Jonas já havia estado em Nínive no século VIII a.C. para proclamar o juízo de Javé sobre a cidade. Naquela época houve arrependimento e Nínive foi poupada. Mais de um século depois, Naum decretou o fim de Nínive, entretanto, dessa vez, não houve arrependimento e a capital Assíria foi destruída.

É possível que Naum tenha herdado de Isaías a construção literária de seu texto, pois a expressão “Vejam sobre os montes os pés do que anuncia boas notícias e proclama a paz!” ocorre apenas nestes dois livros (Na. 1:15 e Is. 52:7).

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Naum não datou seus oráculos, mas, com base nas evidências internas do livro, podemos supor sua composição depois de 663 a.C., quando Tebas (cidade egípcia) foi deportada por Assurbanípal (3:8-10), último rei da Assíria; e antes de 612 a.C., data da queda de Nínive. Os eruditos mais críticos datarão o livro no período do pós-exílio em virtude da não possibilidade de oráculos prevendo o futuro.

 

Porém, em 3:8 somos informados de que a cidade de Tebas (Nô-Amon em hebraico) já fora destruída e, em razão da reconstrução e novo progresso de Tebas à época de Jeremias (Jr. 46:25), no século VII a.C, essa possibilidade fica enfraquecida, uma vez que a pergunta retórica perderia sentido se Tebas já tivesse voltado a progredir.

 

Os reis de Judá neste período foram Manassés (695-642 a.C.) e Josias (640-606 a.C.) Entretanto o oráculo de Naum era propício a Judá, que havia sofrido opressão da Assíria por muito tempo. Em vista disso, alguns especialistas vinculam o profeta Naum ao rei Josias, uma vez que Manassés fora um péssimo rei (2 Rs. 21:1-18), portanto um candidato improvável para receber um oráculo em seu favor.

 

Contudo Manassés se arrependeu (2 Cr. 33:12-16) após ter sido brevemente exilado na Assíria quando se opôs a Assurbanípal por volta de 652 a.C. Talvez Naum tenha até mesmo criticado a subordinação de Manassés à Assíria. Portanto podemos definir a data de produção do livro em meados do século VII a.C.

 

A Assíria atingira seu apogeu e esplendor com os imperadores Senaqueribe (705 – 681 a.C.) e Assurbanipal (669 – 633). Contudo, entre 640 a.C. e 630 a.C. a Assíria sofreu o início do seu processo de extinção, pois a Babilônia, em conjunto com o Império Medo, conquistou a cidade de Nínive culminando na derrocada do Império Assírio em 612 a.C.

 

Toda a magnificência de Nínive, superada apenas pela Babilônia, paradoxalmente representava a maldade e brutalidade, com as quais a Assíria subjugava os povos conquistados. Todavia, Javé já estava decidido a dar termo às injustiças praticadas ainda nos dias de Isaías (14:24-25) e Sofonias (2:13-15).

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Estrutura de Naum

Os oráculos de Naum podem ser esboçados da seguinte forma:

  • O juiz – Cap. 1

  • A queda – Cap. 2

  • O lamento – Cap. 3

     

A qualidade literária de Naum é surpreendente. Na primeira parte do livro, por meio de um Salmo, ele destaca as características que autorizam Javé a executar juízo contra Nínive. Naum apresenta, de forma vívida, uma espécie de corte onde Javé apresenta, alternadamente, discursos de livramento a Judá e oráculos de julgamento à Assíria. A mensagem, em grande parte direcionada a Nínive, transmitia a esperança de livramento a Judá (1:15), oprimida por muito tempo pela Assíria (1:12-13). Esta profecia se cumpriu nos dias do rei Josias, quando os israelitas puderam novamente celebrar a páscoa (2 Cr. 35).

 

A segunda parte do livro contém relatos de guerra. Tal qual um repórter dentro do front de guerra, Naum, de forma realista, relata o esforço inútil do exército de Nínive em deter o invasor medo-babilônio. Os assírios estavam experimentando o mesmo tratamento que dispensavam aos outros povos, expresso na figura da família dos leões, que ironicamente foi usada por Isaías para se referir à Assíria. Em contraposição à destruição da suntuosidade de Nínive, Naum faz novamente uma breve referência à restauração do esplendor de Judá.

 

A última parte dos oráculos de Naum alista as causas da destruição de Nínive tais como:

  • Grande violência (3:1)

  • Depravação espiritual e política (3:4)

     

Embora haja motivos para o julgamento, não há uma acusação formal ou uso de uma linguagem jurídica, pois entendia-se que as razões para o castigo estavam claras para todos.

 

Sua ruína é descrita em termos de vergonha pública (3:5-7). Naum destaca que Nínive cairia da mesma maneira com a qual havia conquistado e destruído Tebas, logo suas fortificações e muros seriam inúteis contra a ira do Senhor. Sua queda seria motivo de alegria para todos os povos (3:19).

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Propósito e conteúdo

O livro de Naum trata sobre os seguintes temas:

  • Julgamento e queda de Nínive

  • Restauração de Judá

     

O livro trata basicamente do anúncio da destruição de Nínive. Este é o tipo de mensagem mais encontrado nas coleções de oráculos dos profetas maiores. Entretanto, era uma boa notícia para Judá, que sofrera nas mãos da Assíria.

 

De acordo com Naum, a destruição de Nínive não seria mero acaso histórico, pois Javé planejara sua queda e a executaria. A soberania de Deus diante das nações era o fundamento da mensagem de Naum.

 

A mensagem de Naum distingue-se dos profetas maiores em virtude de atacar apenas o inimigo de Judá em vez de inclui-lo em seus oráculos de julgamento. Isso pode criar um obstáculo teológico em razão da dificuldade na conciliação da compaixão e perdão de Javé. Possivelmente Naum não tenha dito nada contra Judá pelo fato de estar vivendo no período das reformas que abrangeu o reinado de Josias, portanto uma época de esperanças reavivadas.

 

Outro ponto importante é que a profecia de Naum não representa a sede de vingança humana, mas a justiça divina em não deixar a injustiça e a impiedade impunes, seja qual nação for. O imperialismo assírio com sua crueldade sem limites ofendia a justiça do Senhor. A navalha de Deus (Is. 7:20) já havia sido usada e era tempo de quebra-la, pois os instrumentos do julgamento de Deus não estão imunes, eles mesmos, a um julgamento.

 

A brutalidade assíria

 

Embora os filisteus sejam bastante citados nos embates com o povo israelita e a Babilônia tenha sido a responsável pela derrocada de Judá, os assírios são tomados como o inimigo mais vil no Antigo Testamento.

 

Suas práticas militares genocidas levaram o terror ao Oriente Médio por mais de dois séculos. Seus prisioneiros eram submetidos a torturas, amputações, esfolamentos e outras perversidades.

 

Naum foi o proclamador da justiça divina que não deixou a brutalidade assíria sem castigo. A mensagem de Naum é que Javé é soberano sobre todas as nações, mesmo que essas nações não invoquem seu nome. Além disto, a queda de Nínive não é explicada pela recursividade histórica, mas em virtude da ação vindicadora do Senhor em face de toda a injustiça.

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Milhoranza

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