Muito se fala, na igreja protestante sobre a necessidade de abandonarmos as praticas do passado, quando ainda não conhecíamos a Cristo, para pular de cabeça numa nova vida, santa e transformada. Essas “praticas do velho homem” geralmente são ligadas às praticas da religião que abandonamos (ou praticas do ateísmo) ou a praticas que, mesmo não ligadas diretamente à religião, eram por elas toleradas, sem que houvesse qualquer impossibilidade de conviverem em harmonia. E até ai, não vejo grandes problemas com isso, afinal de contas, o cristianismo é uma religião que busca a mudança de COSMOVISÃO para a mudança de VALORES, para a mudança de ATITUDES, o que culminará numa “vida transformada” de fato. Mas nem tudo são flores nesse jardim.
Há uma mania, dentro das igrejas, em especial das igrejas evangélicas, de tentar, em vez de mudar a cosmovisão a partir de uma proposta clara de exposição bíblica à pessoa que se achega a ela, um processo de substituição ou de compensação do profano pelo santo, que faz com que a pessoa não se torne uma NOVA CRIATURA, mas apenas, mude os rótulos de tudo que vivia anteriormente, quando não estava ligado à instituição religiosa, equivocadamente, nominada de IGREJA.
Esse processo de SUBSTITUIÇÃO em vez de CONVERSÃO, trata a fé cristã, como um peso que a pessoa tem que carregar para obter um salário, ao final da vida, que seria a salvação, e para gratificar os mais obedientes à doutrina da igreja, dia após dia, tenta amenizar o sacrifício que é a fé, presenteando-os com pequenos bônus em forma de substituição, gerando no ventre da instituição eclesiástica, absurdos teológicos como MODA-GOSPEL, BAR-GOSPEL, BAILE-GOSPEL, WHATEVER-GOSPEL, etc… E antes que os trolls se manifestem, deixa logo eu deixar claro, que não é o caso que eu seja contra que um cristão tenha seu negocio para ganhar dinheiro nem nada do gênero, afinal, empreender é preciso (é impreciso, na verdade), e o motivo deste texto não é este, exatamente este. Claro q uma livraria ESPECIALIZADA em títulos cristãos, tem que, de alguma maneira, se diferenciar no mercado, assim como uma livrarias ESPIRITA, uma livraria JURIDICA, ou seja lá como for, e a palavra GOSPEL é, mercadologicamente falando, a maneira mais assertiva de fazer essa diferenciação, ou seja, não se trata, na minha opinião, de discriminar quem não é cristão, mas a informação de que ali, usa-se a religião como principal maneira de atrair os clientes, é uma livraria especializada. E sim, talvez outros comércios tenham a mesma desculpa (esfarrapada? Talvez) que esta que acabei de dar, mas com toda certeza, não se aplica ao oceano de estabelecimentos comercias que se utilizam do nome de Deus, como estratégia mercadológica para lucrarem mais, com uma classe que até pouco tempo, consuma pouco. Mas é claro… vamos falar disso em outra oportunidade :).
Além do funk gospel para o ex-funkeiro, do samba gospel, para o ex sambista, do rock gospel para o ex roqueiro, temos outras substituições que são muito mais sutis, mas que não deixam de ser, igualmente, desonestas com a nossa fé. Aprendemos que não devemos amaldiçoar nossos irmãos, e então não o chamamos mais de “desgraçado” como antigamente, e passamos a utilizar “abençoados” ou coisa do tipo. Aprendemos que MARIA não é a nossa senhora, pois há apenas um SENHOR, então em vez de “Nossa Senhora” dizemos “Misericórdia, Irmão” quando nos deparamos com uma situação de espanto. Não dizemos mais “Boa sorte” para alguém, pois que conta com a sorte são os desprovidos de fé em Deus, dizemos agora “Deus abençoe este projeto”, e a pior e mais node todas, que é usada como um abracadabra evangélico… “é no nome de Jesus”.
Popularizado pelos estelionatários televisivos durantes as madrugadas, em que toda e qualquer abobrinha proferida por eles na tentativa única e exclusiva de extrair o máximo possível de dinheiro de pessoas carentes (não apenas de dinheiro, mas carentes emocionalmente, psicologicamente e por ai vai…) é prontamente seguida de um “NHO NOME DE JESUS”
Na descrição que João fez sobre a obra de Jesus na terra, no capítulo 14, versos 13 e 14 vemos a seguinte frase:
E tudo quanto pedirdes em meu nome eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho. Se pedirdes alguma coisa em meu nome, eu o farei.
E com e com base nesse texto que se popularizou essa expressão no meio dos cristãos… Mas o “EM NOME DE JESUS” é isso mesmo, um carimbo mágico que valida como uma ordem dirigida do homem em direção a Deus como “CUMPRA-SE segundo a minha palavra… foi você quem prometeu”, quase que colocando Deus na parede? A resposta é NÃO, claro que NÃO! Tão mentirosa como a fábula evangélica de que QUEM PLANTA, COLHE referindo-se a dizimo e ofertas, ou seja, de que quem dá o dizimo NECESSARIAMENTE será abençoado financeiramente, é a fábula de que o EM NOME DE JESUS caracteriza uma obrigatoriedade de Deus em cumprir oque dito.
Como sempre, quem se utiliza desse tipo de artifício mistico-evangelico geralmente é 1) alienado ou 2) manipulador e este texto tem o objetivo de orientar e denunciar, respectivamente, essas pessoas. Assim, vamos fazer uma análise mínima mente inteligente sobre o processo de leitura bíblica, onde você não precisa nem ao menos ser cristão para concordar comigo nesse aspecto:
Pegue a frase utilizada pelos abutres da fé para manipular as pessoas com falsas promessas, João, 14, versos 13 e 14, neste caso e leia, no mínimo, todo o capítulo 14. Jesus está se despedindo de seus amigos e seguidores, confortando-os para as tretas que viriam no futuro, essa despedida começa no capítulo 13 (eu disse leia o 14 no mínimo, pode ler mais se quiser), e de repente, um de sus seguidores, o Tomé, faz uma pergunta honesta pra Jesus:
Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?
Verso 5
A resposta de Jesus é clara: Quem ME conhece, conhece o caminho.
Na sequencia (verso 8) Felipe manda um: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.
Digno de um “20 anos de curso e não coloca a bandoleira no pescoço”, Felipe tem como resposta um outro questionamento de Jesus, que poderia ser traduzido como: Tanto tempo andando comigo e as coisas que fiz e falei não na sua cabeça e no seu coração? Felipe, somos nós, dia a dia, tentando achar a formula mágica do cristianismo, o segredo do sucesso, os 7 passos de um cristão de vitória, e Jesus queria apenas que prestássemos a atenção nas coisas que ele fez, e tentássemos fazer, o mais parecido possível. Enquanto Jesus queria discípulos, Felipe queria um “ABRACADABA”, um “Em nome de Jesus” que lhe resolvesse todos os problemas.
Jesus é claro quando diz que crer nele quando disse que estava no Pai e que o Pai está em nele e também que aquele que crê em nEle fará também as obras que tenho realizado e então ele faria o que o pedirmos em seu nome, para que o Pai seja glorificado no Filho.
Pedir qualquer coisa EM NOME DE JESUS só faz sentido, quando colocamos A VONTADE DE JESUS antes da nossa, quando entendemos que se converter é abdicar de nosso EGO, para poder FAZER A VONTADE DE JESUS, e não nossos desejos egoístas de sucesso financeiro ou seja lá do que for… Orar EM NOME DE JESUS é se permitir ser crucificado e abrir mão do direito de se vingar, orar em nome de Jesus, é ser estar nEle e Ele em nós, apenas isso!
Vamos tentar mudar nossa atitude diante de Deus, da igreja e do mundo, no NOME DE JESUS?