Terminei! O Que O Dinheiro Não Compra – Michael J. Sandel

Daê, galere? Passaram bem pra esse 2013? Espero que sim!
Este livro me foi passado na faculdade, na aula de economia e fiquei espantada pakas com ele!
Logo de cara foi um assunto que despertou minha atenção: o que o dinheiro não compra?
Refleti bastante sobre o assunto e o que pairava sobre minha cabeça no decorrer do livro foi – a raiz de todos os males
A que ponto o homem poderá chegar? E quando esfriar totalmente o amor? É de arrepiar, só imaginando o que poderá acontecer!
Ficou um pouco grande, mas, se você leu até aqui, experimente ler o restante e reflita junto comigo!
Se você não curte narrações, ou deseja ler apenas um texto “sério”, clique aqui e leia minha resenha em meu blog. Isso não te impede de ler os dois textos
🙂

Acordei para mais um dia. Mais um dia que terei de procurar pela minha máquina do tempo. Bendita a hora que eu pensei em viajar pro futuro, só que não. Mas, como eu poderia imaginar que as coisas chegariam a esse estado?! Tudo bem. Eu fui avisado. Quer dizer, todos nós. E o aviso sempre esteve em nossas mãos, há séculos e séculos em nossas casas, igrejas, até nos consultórios de dentistas, escondidos por baixo de revista sobre moda. A raiz de todos os males.

Silenciosamente, esse sujeito foi entrando em cada recanto da vida. Sutilmente, desde antes de minha época até esse ponto do futuro, o dinheiro veio consumindo com nossa moral, nossa piedade. Locomotiva do egoísmo, foi a cada dia minando nossa humanidade, mudando os conceitos mais sagrados e primordiais. Afinal, chegou o fundo do poço. Tudo agora é mercadoria.

É com grande pavor que me deparo com situações já antes objetadas, que ninguém acreditava que poderiam remotamente se concretizar. Entretanto, o corpo humano ficou sub-valorizado. A vida e a morte são medidas em cifras. O comportamento humano é estimulado através de estímulos financeiros. A lei de mercado virou nossa Golden Law, estupra-se a ética, pelo bem da livre economia.

Ser pai ou mãe? Sem problemas! Se o filho é seu, você pode vendê-lo a quem o “valorize” mais (traduzindo: a quem pague mais). Que importa se é uma vida? É um pedaço de carne vindo das entranhas da mulher, nada mais lógico ao mercado que “isto” a pertence. Afinal, nas transações desta natureza, todos saem (ironicamente, claro) ganhando: os pais vendedores recebem dinheiro e os pais compradores recebem o filho. Pronto! Felicidade para todos os lados. Mas será? Mercantilizar um ser humano… Isso não lembra algo lá das aulas de histórias, de escravos vendidos?  Gente-objeto.

E… olha só! Lembrei-me de um velho mito de minha época. Diziam-me para tomar cuidado ao beber demais, pois poderia acordar em uma velha banheira cheia de gelo e sem um rim. Rá! Agora, eu tenho direito de vender o que quiser do meu corpo. Na minha época já não se vendia cabelo? Se posso vender cabelo, por que não um rim? Ou um dedo, uma mão, alguns centímetros do meu intestino delgado? Já não podia vender sêmen e óvulos? Qual a diferença?

Qual o valor da vida? Qual o sentido da coletividade? Parece que neste ponto do futuro aqui, conseguiram medir todas essas coisas abstratas e subjetivas em valor monetário. Você entra em uma loja. As paredes custaram dinheiro, os produtos à venda custaram dinheiro. O atendimento da mocinha que está quase dormindo encostada em uma pilha de rasteirinhas também é dinheiro. A cada bocejo e piscadela é como se saíssem moedas de uma moça feita de dinheiro. Suas roupas, sua comida, a água, energia: tudo é comprado, ah! Isso me entristece.

Vejo gente sem os mindinhos, vendidos por um motivo qualquer. Vejo crianças leiloando-se em troca de comida. Vejo um reality show onde torce-se pela morte dos participantes e aliado a isso, apostadores sedentos para jogar um humano na cova em troca de dinheiro. Vejo situações macabras, escusas e nojentas. O que não vejo é a dignidade. Os corpos e as vidas se equiparam às miçangas e bugigangas que os exploradores usaram para tapear os índios. Como faço pra sair daqui?

Enquanto não encontro uma forma de voltar ao meu tempo, durmo com medo de me confundirem com um objeto.

Fiquem na paz! (:

terminei

Posted in Artigos, Sessões and tagged , , , , , .