Infelizmente para nós cristãos, muito tem sido distorcido sobre os conceitos que impulsionaram o cristianismo até aqui. Em partes por ignorância, em partes pela situação social e em partes pelo desejo da igreja em manter o poder.
Em ignorância no sentidos de interpretar mal as escrituras. Ou mal ou tendenciosamente. Como por exemplo a questão do termo “virgem” no hebraico original ter o sentido de “mulher jovem”. É claro que hoje esse termo perdeu seu valor, afinal, se naquele tempo poderia ser sinômino de virgem, hoje não é. Mas essa compreensão falha dos textos tem nos levado a reinventar o Evangelho, criando assim, regras e leis nem sempre coniventes com a mensagem de Jesus.
Nesse caso, a situação social é outro fator de distorção. Num continente onde se pregou por muito tempo um Cristo morto na cruz e onde pais se tornaram ausente por morte, abandono ou apenas negligência afetiva, emocional e fisicamente, seria natural que a figura de um Cristo homem, pendurado na cruz não fosse tão popular. Mas a figura de sua mãe Maria, se tornou referência exatamente como as mães latinas se tornaram para esses “filhos orfãos”. Então temos a proliferação não de um cristianismo baseado em Cristo mas sim em sua mãe. Evidentemente Maria teve um papel honrado na história cristão e isso deve ser lembrado. Porém elevá-la ao mérito de ser “mãe de Deus” é algo exagerado e sem sentido.
O que nos leva a questão da igreja. Esse conceito da mãe de Deus nasceu no berço de um igreja que buscava, entre outras coisas, manter o controle, o poder. Muitas idéias distorcidas como a idolatria aos apóstolos ou demais santos da igrejas, da própria Maria, também indulgências e a designação de um Papa na igreja, são reflexos de uma humanidade falha que abraçou um cristianismo puro e o transformou em um métodos de manipulação. A igreja que devia ser o lugar de refúgio para os cansados e oprimidos, se tornou o lugar onde estes mais penam por conta de tantas penitências e abusos.
Pode parecer que meu discurso é uma intenção de falar mal da igreja católica. Mas não é. Poderia ser, se esses abusos tivessem ficado num passado onde o catolicismo oprimia mais do que salvava. Porém as distorções seguiram firmes na Reforma protestante e seguem até hoje, não mais apenas numa igreja católica romana, mas sim numa católica evangélica (entendendo o termo católico como universal). Se por um lado católicos romanos adoram Maria, Anjos, Santos e um Cristo morto na cruz, os católicos evangélicos adoram , pastores, bandas, apóstolos e tiram Cristo da cruz para matá-lo silenciosamente em seus corações.
Precisamos relfetir. Voltarmos a fazer certas orações e levá-las a sério. Precisamos sempre ter algo nos relembrando quem é Jesus Cristo e porque somos cristãos. Temos que fazer do credo apostólico nossas palavras e de nossa ações, respostas para os cansados e sobrecarregados. Chega de auto ajude e auto piedade. É hora de morrer para si e viver pelo próximo.
“Cremos em um Deus, Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis; e em um Senhor Jesus Cristo, o unigênito Filho de Deus, gerado pelo Pai antes de todos os séculos, Luz de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas foram feitas; o qual, por nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, foi feito carne do Espírito Santo e da virgem Maria, e tornou-se homem, e foi crucificado por nós sob o poder de Pôncio Pilatos, e padeceu, e foi sepultado, e ressuscitou ao terceiro dia conforme as Escrituras, e subiu aos céus, e assentou-se à direita do Pai, e de novo há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos, e seu reino não terá fim; e no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai, que com o Pai e o Filho, conjuntamente é adorado e glorificado, que falou através dos profetas; e na Igreja una, santa e apostólica; confessamos um só batismo para remissão dos pecados. Esperamos a ressurreição dos mortos e a vida do século vindouro.” -Credo de Nicéia.