Um dos versos mais citados pelos defensores da teologia da prosperidade é a parte final de João 10:10, que diz: “eu vim para tenham vida, e a tenham plenamente” (NVI). Sem precisar fazer uma análise completa do parágrafo onde se encontra este versículo, mas apenas estudando a palavra-chave deste trecho, no caso vida, podemos perceber que este versículo é usado de uma forma que o apóstolo João nunca imaginou.
É quase conhecido por todos que o Novo Testamento foi escrito em grego. A língua grega possui dois termos para se descrever a vida. A palavra mais comum é bios de onde temos biologia, ou estudo da vida. A outra palavra que também remete a vida é zoe. Enquanto bios se traduz pela vida propriamente dita, zoe extrapola o senso comum de vida, isto é, vai além do sentido material e ainda ultrapassa o sentido temporal.
O mais interessante é que todos os textos do Novo Testamento que se referem à vida são derivados da palavra zoe, e não da palavra bios. Talvez, por considerar que a vida que Cristo nos dá, vai além da vida como um senso comum, e não pode ser comparada simplesmente com o poder aquisitivo disponível em nosso bolso.
Portanto, vejam que não precisamos nem recorrer ao estudo do contexto como um todo, mas, apenas o estudo correto de uma única palavra em seu sentido original põe abaixo todo um esquema teológico que jamais foi pretendido pelos escritores sagrados.