#ScholeQueÉ – Introdução ao livro de Rute – Nem tudo está perdido #009

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Introdução ao Livro de Rute – Nem tudo está perdido

 

A história narrada no livro de Rute se passa na época dos juízes, que, como estudamos anteriormente, foi uma época de apostasia e descaso com Javé e sua aliança. O livro de Rute apresenta o caminho oposto do livro de juízes, pois mostra a lealdade uma moça moabita para com Noemi, sua sogra israelita, e seu Deus.

 

Os moabitas eram descendentes de Ló, sobrinho de Abraão (Gn. 19:37). Eles ocupavam o território a leste do Mar Morto, e, na época da peregrinação dos hebreus no deserto, eles demonstraram agressividade a Moisés e ao povo (Nm. 21 – 25).

 

Apesar de Rute constar logo após o livro de juízes em nosso cânon, na Bíblia hebraica este livro situa-se na seção dos Escritos, portanto, não é considerado parte da história deuteronomista.

 

O livro começa dando a entender que o período dos juízes passara, ou seja, as narrativas se passam no período dos juízes, porém foram escritas durante a monarquia, pois a genealogia, no fim do livro, sugere que os leitores conheciam o rei Davi.

 

Embora as narrativas nos levem ao tempo dos juízes, não há como ter certeza se  a história de Rute, a moabita, se encaixa neste período. A narrativa em Juízes 3, nos diz que Eúde expulsara os  moabitas de Israel, portanto a história de Rute não cabe nesta época. Logo, se a genealogia está completa, os acontecimentos podem estar situados na época de Jefté, no século XII a.C.

 

A riqueza de diálogos e a construção dos personagens, levaram alguns estudiosos a classificar o livro de Rute como um conto, o que não elimina o caráter e a precisão histórica do livro.

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O livro de Rute está estruturado como um espelho, ou seja, os elementos finais da história espelham os elementos iniciais, trazendo-lhes uma solução.

 

O livro pode ser dividido da seguinte maneira:

 

  1. Migração e tragédia da família de Elimeleque – 1:1:5
  2. O retorno para Belém – 1:6-22
  3. Rute encontra Boaz – 2
  4. O plano de Noemi – 3
  5. Casamento de Rute e Boaz – 4:1-17
  6. Genealogia de Davi

 

De acordo com a estrutura espelho do livro, o capítulo 1 espelha o 4, pois no capítulo 1 o desespero de Noemi se torna em alegria por um filho no capítulo 4. Os capítulos 2 e 3 são correspondentes em virtude dos diálogos entre Rute e Noemi e entre Rute e Boaz. O desfecho no capítulo 4, ao espelhar o capítulo 1, só foi possível graças aos desfechos dos diálogos dos capítulos intermediários.

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O livro de Rute menciona os seguintes conceitos:

 

  • A Fidelidade e lealdade de Deus
  • A lealdade em um ambiente de apostasia
  • O legado dos ancestrais do rei Davi
  • O Conceito do Resgatador

 

O período dos juízes, sem sombra de dúvida, representou um momento muito negativo no que se refere à fidelidade à aliança por parte do povo de Israel. O livro de Rute mostra o contraste entre os grandes heróis do período dos juízes com uma simples família israelita. Foi justamente de uma dessas famílias em apuros que a fé em Javé foi preservada, e de onde veio o maior dos reis de Israel: Davi.

 

Javé preservara esta família para manter seu nome em Israel, para mostrar sua lealdade e fidelidade à aliança realizada séculos antes.

 

O resgatador

 

Se um homem morresse sem deixar filhos, seu irmão deveia se casar com a viúva e era obrigado a gerar um filho em nome do seu falecido irmão. Este sistema é chamado de levirato, e é descrito com detalhes em Deuteronômio 25:5-10. Este sistema preservaria as famílias, que não teriam um fim repentino.

 

O costume do levirato também incluía o direito ao resgate de terras, conforme prescrito em Levítico 25:25-31; 47-55. A terra vendida a alguém poderia ser resgatada, comprada de volta por alguém da família. Estes costumes tinham o propósito de preservar as famílias e a terra, duas questões centrais da aliança.

O resgatador era um intermediário para readquirir as bênçãos em risco e serve de exemplo para a Graça de Deus. O Novo Testamento aplica este conceito à ação de Cristo para com a Igreja.

 

Hesed

 

O termo hesed se refere à lealdade de Javé com sua aliança. Algumas traduções da Bíblia usam misericórdia, outras preferem a palavra bondade para designar a hesed de Deus.

 

No livro de Rute, a hesed de Javé é demonstrada tanto vertical, quanto horizontalmente. No plano horizontal, o compromisso de Rute com sua sogra em 1:16-17 é um exemplo da bondade e misericórida. É justamente esta característica que chama a atenção de Boaz em 2:12 por Rute, onde a hesed que ele também demonstra por Rute é louvada em 2:20.

 

No plano vertical a hesed de Javé é descrita em 1:8-9, que levará ao casamento de Boaz e Rute no capítulo 4, onde a misericórdia de Javé se manifesta no resgatador de Noemi.

 

A conclusão do livro é que a misericórdia de Javé se manifesta na misericórdia de uns pelos outros, que culmina em seu louvor e adoração, contrastando com o livro de Juízes pela falta de lealdade à aliança.

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Milhoranza

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