Crônicas de Ecclesioland – O príncipe, o palácio e o povo

Diz a lenda, que em um determinado período da história, nas distantes terras de Ecclesioland vivia um príncipe que reinava com mãos de ferro um lugarejo de quase 6 mil habitantes.

Esse povo se submetia a ele pois acreditavam que sua palavra era verdadeira e cheia de sabedoria. Essa submissão cega beirava a idolatria, a insanidade, pois praticamente elevava esse príncipe ao status de um semideus.

Mas isso não era problema para aquele povo. Acreditavam tanto nele que depositavam sua esperança que ele levaria todos à vitória sobre os demais povos e que cada uma ali seria um mensageiro direto dessa nova ordem. Praticamente um vice-príncipe (como se isso existisse mesmo numa lenda!).

CasteloCom o tempo esse príncipe, aproveitando-se de sua credibilidade junto ao povo, iniciou seu grande plano de enriquecimento próprio. Começou aos poucos a lançar a idéia de que o pequeno povoado cresceria tanto que um novo palácio deveria ser construído. O tempo foi passando e desafios foram lançados.

O povo, cego e já bem influenciado pelas suas idéias, pagava seus impostos sem questionamentos. Imposto este que deveria ser usado para o benefício do próprio povo, como deixado no Grande Livro das Leis do Grande Rei.

Mas o príncipe, inteligente e sagaz, convenceu o povo de que um imposto existia no Grande Livro e que não era cobrado. Assim, logo após conseguir ludibriar o povo e os anciãos do povoado, começou a cobrar este imposto adicional. Engano reforçado pela falta de buscar conhecimento por parte do povo.

Assim esse povo trazia suas carruagens, suas jóias e todas as moedas que possuíam, com a promessa de que o Grande Rei recompensaria a todos com grandes colheitas em suas vidas.

Tudo era feito na mais perfeita ordem, perfeitamente arquitetado pelo príncipe e para o cumprimento dos objetivos deste.

Antes, o que deveria ser um reinado pacífico, se tornou numa ditadura nepotista.

Esses ensinamentos foram dominando o povo, disseminando o medo e a culpa e dominando os lares e mentes das pessoas que ali estavam.

Logo após o início da construção o príncipe, que possuíam um herdeiro, mandou erguer um comércio para o seu filho recém chegado de outras terras, depois de estudar para ser um grande construtor. Assim esse filho começou um próspero negócio de telhas e pedras para a construção desse novo palácio. Mesmo havendo outros camponeses que possuíam os mesmos produtos, o filho do príncipe era sempre favorecido. Mas o povo não sabia o que estava acontecendo. Assim a família do príncipe aumentava suas posses de forma rápida e discreta. Um novo cavalo foi comprado para o filho como recompensa (ou seria melhor dizer, como consolo pelas coisas erradas que fazia?).

Mas afinal, recursos não eram problemas, bastava apelar para o povo para que estes colaborassem, a sede por impostos era inesgotável e o discurso para arrecadá-lo ser tornava mais intenso.

Em determinado momento, mesmo após ter anunciado de que não precisaria mais de arrecadação, teve que ir ao povo mais uma vez, usando a desculpa mais esfarrapada de que não haviam calculado de forma correta e que portanto, todos deveriam participar no rateio do erro.

O que o povo não sabia era que coisas muito estranhas aconteciam por detrás das paredes do palácio.

Conchavos e acontecimentos que talvez jamais serão reveladas ao povo.

Contribuições de inimigos do Grande Rei foram recebidas pelo príncipe, ouro desviado para outras partes do povoado para pagamento de terras compradas pelo príncipe, entre outras coisas.

Mas mesmo assim Ecclesioland se mantinha firme em suas convicções. De que estavam fazendo as coisas certas em nome do Grande Rei.

Essa lenda não acaba ainda, mas amanhã é outro dia.

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Bem, essa história, como foi contada, já seria de causar asco a qualquer um.

Mas pensando bem, e se isso ocorresse dentro dos arraiais eclesiásticos?

Se isso realmente fosse verdade e templos majestosos fossem erguidos com dinheiro de dízimos e ofertas especiais para honra e gloria dos pastores celebridades que infestam nossos corredores e prédios tidos como lugares sagrados do protestantismo contemporâneo?

Se isso ocorresse de fato e esses homens tidos como santos e intocáveis e que na verdade estão apenas desfrutando do melhor que o dízimo pode oferecer a eles e desta forma, seu único deleite seria o enriquecimento fácil as custas da ingenuidade, culpa e medo de seus fiéis?

Mas se isso fosse verdade? Como você se sentiria em relação a isso?

Não se assuste meu irmão, é claro que são apenas suposições e que isso nunca aconteceria, pois afinal, o dinheiro dos dízimos é usado para realmente trazer justiça do Reino de Deus para esse tempo (não é???!). Pobres, viúvas, crianças são atendidas pelo serviço social que esses recursos se prestam conforme está no velho testamento, não é?

Não é?

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