Sopa na pipa!

    (Ta usando Windows  pirata? Então leia até o fim seu pecador(a)! hahahaha)

   PIPA e SOPA foram vetados. Mas a história ainda não terminou simplesmente com o veto de Obama como alguns estão acreditando. Essa guerra ainda está longe de terminar e o SOPA/PIPA deve aparecer novamente com um outro nome, mais cedo ou mais tarde. Penso que dificilmente esses projetos consigam se efetuar, mas em decorrência desses fatos, ressurge a discussão sobre a pirataria na internet. Procurei  o significado de pirataria no Google, e como seria de esperar, só encontrei muitas definições diferentes, ambíguas e sobretudo tendenciosas. Quando isso acontece, o ideal é desmontar a palavra derivada e buscar o significado do termo primário, nesse caso, “pirata”. E segundo os livros e documentos de história que encontrei, piratas eram homens que saqueavam navios numa busca incansável por riquezas. Ou seja, muito mais do que a procura pelo ferro ou prata, eles queriam ouro e esmeralda, além é claro, de  produtos de subsistência. E essa busca não tinha fim.

   Trazendo essa noção para o contexto atual, é possível dizer que a pirataria virtual se traduz na coleta de um produto cultural precedida da intenção de torná-lo fonte de riqueza. Ou seja, atividades lucrativas envolvendo produtos culturais (leia-se filmes, jogos e músicas), não autorizadas pelos detentores dos direitos autorais de tais produtos. E contra essa pirataria, sim, sou contra. A monetização da cultura nunca fez sentido e o seu consumo jamais passou perto de significar, de fato, uma prática criminosa. Atividades de partilha de produtos culturais que não envolvem lucro, não traduzem a essência do que é pirataria.

 No entanto, um produto original muitas vezes tem até maior valor do que o seu preço. A arte de um encarte de cd, a qualidade impressa de um manual, o design de um suporte de conservação, ou seja, a palpabilidade de um material primorosamente desenvolvido e produzido, muitas vezes é digno de reconhecimento. Um software, filme ou game produzido atualmente pode custar milhares de dólares e demora muitas vezes até mais de dez anos para ser finalizado. E penso que seja tamanha injustiça, tomar a obra dessas pessoas e fazer disso uma forma de obter lucro para si, sendo essa atividade organizada ou não. Esse tipo de conduta merece ser punida, pois esta sim, retrata o caráter de exploração de um resultado artístico dotado, antes de tudo, de valor agregado por via de esforços criativos que não são nossos.

  Contudo, todo fenômeno social/político/econômico, tem seu lado avesso e o mercado cultural também não foge à regra. O fato, é que um pequeno grupo de pessoas poderosas e influentes no planeta, tem empreendido incansáveis esforços na direção de postular a criatividade humana como forma de servir o bolso dos maiores detentores de meios de produção do planeta. Aos que estão com 1Pedro 2. 13-14 engatilhado na cabeça, digo que, uma coisa é prestar submissão às autoridades máximas do nosso país e do mundo, que sobretudo, nós colocamos no poder. Outra coisa é ser congruente com o aumento de controle e poder desproporcionais de grupos corporativos, que nem autoridades nossas são.

   Quem sabe um dia eu apoie esses pinguins e seus projetos de proteção aos bens culturais. Quando toda e qualquer forma de cultura produzida pelo ser humano esteja acessível à todas as pessoas do mundo. Quando produtos de base passem a estar ao alcance de todas as classes, sobretudo as classes sociais mais baixas. Quando as ameaças a tudo que é bom e necessário ao homem, (inclusive a cultura) sejam outras, e não o povo. A história está de ponta cabeça. Tudo está caro demais a cada ano que passa, por conta da gula por lucro, dos homens mais poderosos e influentes do planeta. E por agora, basta. Basta desses filhos que nada tem a ver com vacas ou putas. Basta de gestores de capital, de  que no fim, só desejam espremer a humanidade a cada dia um pouco mais; até que morra, sufocada no próprio silêncio.

Dito tudo isso, a conversa, na verdade, começa aqui: Quem é pirata nessa história toda? O povo ou os bigodinhos fedidos de Blue Label que  jogam golfe enquanto você puxa a carroça do planeta? Querem jogar sopa nas nossas pipas e talvez ainda não nos ligamos disso. 

[box type=”info” size=”medium”] Esse texto não se propõe a ser um incentivo a não compra de produtos originais, caso você tenha entendido dessa maneira, mas sim uma tentativa de provocar um diálogo, que nos leve a uma compreensão mais aprofundada de onde nós como crentes, estamos errando, sobretudo, compreender melhor a pirataria na internet e discernir o que estão nos dizendo que ela significa. [/box]

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