Apesar da grande quantidade de meios de comunicação, algumas pessoas sentem-se muito solitárias. Em alguns casos essa solidão chega a níveis tão elevados que passam a dialogar até mesmo com demônios! Geralmente o papo gira em torno dos mesmos assuntos: qual seu nome, o que você veio fazer aqui, quantos vocês são. Em outros casos, o papo é um pouco mais complexo do que nomes ou atividades. Nestes casos exige-se do demônio sua localização geográfica, informações sobre a hierarquia local e até mesmo a transmissão de informações a este demônio.
Tudo isso parece ser muito interessante para deixar a vida espiritual mais agitada e caliente, mas, será que é realmente bíblica? Pergunto isso pois os líderes dos movimentos que realizam estas atividades citam a Bíblia para amparar suas práticas.
Em primeiro lugar, eu creio na existência de demônios. E não creio que eles sejam apenas mitos para fundamentar nossos medos e temores primitivos ou explicar os efeitos de doenças que eram desconhecidas no primeiro século, como a epilepsia.
A Bíblia deixa clara a existência destes seres celestiais, mas até que ponto se dá a nossa relação com estes seres?
O primeiro equívoco cometido na relação com os demônios é atribuir nosso pecado à atividade demoníaca. Vejamos alguns exemplos de como a Bíblia lida com esta questão
Em I Coríntios, para tratar sobre o problema da divisão que estava acontecendo na igreja, Paulo não diz à Igreja para repreender o “espírito de divisão”, mas Paulo os aconselha a “falar a mesma coisa” e serem unidos no mesmo ideal e procedimento (I Co 1:10). Sobre o problema do incesto, Paulo não ensina sobre técnicas de localização de demônios e espíritos incestuosos, mas os adverte a exercer disciplina na Igreja para arrependimento do culpado (I Co. 5:1-5).
O foco do Novo Testamento é a proclamação do evangelho, e a expulsão de um demônio era feita somente se houvesse uma oposição muito grande a esta proclamação. Marcos 5:1-20 e Atos 16:16 demonstram isso.
O Novo Testamento nos ensina sobre a proclamação do evangelho e crescimento cristão por meio da Igreja, cujas atitudes e decisões são feitas pelos cristãos, com o objetivo de crescer e desenvolver o ministério que nos foi dado. (Gl. 5:16-26; Ef. 4:1-16)
Se surgir qualquer oposição demoníaca a Bíblia nos orienta a orar e lutar de acordo com 1 Co. 12:8-11, 2 Co. 10:3-6 e Ef. 6:11-18.
Vejam que, em nenhum destes textos, somos orientados a entrevistar demônios, exigir a hierárquia do exército infernal local, lutar contra uma suposta fortaleza espiritual, ou convocar uma batalha espiritual territorial e outras invenções sem fundamento bíblico.
Aos que praticam estas coisas, se ainda quiserem permanecer nestas práticas, ao menos não usem a Bíblia para justificar suas aventuras espirituais de um “evangelho” que mais se parece com Star Wars.
[box type=”info” size=”medium”] Devido à grande quanidade de textos citados sugiro que você leitor esteja com uma Bíblia perto enquanto lê este post. [/box]