Honestamente, dezembro.

 

     Mais uma vez, mês doze. Época boa pra lembrar do quanto a gente foi bom durante o ano e esquecer de coisa ruim. Tempo bom pra levantar pequenos troféus pela casa e bater palmas pelas ruas , só pra lembrar do quanto a gente foi aplaudido e amado pelo bem que a gente fez. Tempo de abraçar pessoas e voltar pra casa com aquele sentimento ambíguo – ” eu me amo.”  Dezembro é um tempo bom pra legitimar amor próprio, crer no quanto os outros acreditam que fomos (e somos) bons.

Dezembro é uma boa época pra se clamar o direito a um ano seguinte melhor, pra se exigir amores melhores, pra decidirmos sermos maiores. Pra alimentar ainda mais a intolerância com os erros dos outros, pra acreditar ainda mais que não devemos nada pra ninguém. É um tempo bom pra decidir falar menos e ouvir menos também. É um tempo bom pra gente acreditar que precisa se proteger mais das pessoas do que de si.

Mas dezembro é um tempo bom pra se quebrar regras também. Se encarar no espelho, atear fogo nas estátuas que fizeram de nós, enfiar as mãos nos bolsos da calça e voltar os olhos pro chão. É um tempo bom pra não ceder à tentação de acreditar nos elogios que ganhamos o ano inteiro. Tempo bom pra perguntar menos o quanto os outros nos amaram, e questionar mais o quanto a gente amou os outros.  Tempo bom pra decidir dar uma chance a tudo que há de mais perigoso, arriscado e ameaçador àquilo que chamamos de “nós” e àquilo que chamamos de “nosso”.  Honestamente, feliz dezembro.

[box type=”info” size=”medium”] Sim, esse post é honestamente uma provocação. 😉 [/box]

 

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