Apesar do título infantil, é exatamente desta forma que maioria dos protestantes argumentam. Basta surgir algum fato de grande comoção midiática para deflagar debates acalorados nas redes sociais. É aí que começa o problema.
Não, não estou me referindo ao debate em si mesmo. Me refiro à maneira de argumentar da maioria das pessoas que se julgam aptas a dar sua opinião, ou criticar a opinião alheia.
Todos os que se aventuram a expor sua opinião sobre determinado assunto estão fadados a receber elogios, apoio ou uma opinião contrária às suas. E este não é o problema. Eu creio que o conhecimento, quando construído em conjunto, amplamente debatido, refutado e criticado gera um fundamento sólido para o mundo continuar em sua constante evolução.
Quer um exemplo que afeta a todos os protestantes? Todo conjunto de ensinamentos que herdamos são produtos de grandes debates e discussões. Digo isso pois existem aqueles que consideram debates e discussões uma grande perda de tempo. Alguns, ainda argumentam que pensadores e teólogos de gabinete não fazem nada de mais, a não ser discutirem bobagens, enquanto o mundo perece no pecado indo pro inferno! Ou então conclamam os debatedores e articuladores a fazer algo “concreto”, como se o fato de fazerem algo “concreto” eliminasse a possibilidade ou mesmo a necessidade do debate.
A doutrina da graça sem mérito é um excelente exemplo de um ensinamento que surgiu em meio a um grande debate e discussão. Se você pensou em um certo cidadão francês da idade média, eu te convido a abrir sua Bíblia em Atos, capítulo 15. Sim, vamos direto na fonte do debate.
Este capítulo narra a dissensão entre aqueles que criam que a graça de Deus era suficiente, e aqueles que criam que era necessário acrescentar mais alguma coisa ao sacrifício de Cristo na cruz. Notem que o verso 7 nos diz que houve muita discussão, mas no fim chegaram a um consenso. O verso 28 chega a citar o Espírito Santo! Imaginem por um momento se não houvesse essa discussão? Será que o ensino da Graça suficiente chegaria até nossos ouvidos da mesma maneira? Creio que, de alguma forma Deus dirigiu essa discussão.
Ao ler a narrativa de Atos com muita atenção, você vai perceber que os argumentos apresentados foram em torno do tema discutido, e não em torno do caráter ou das obras de cada um dos proponentes. Algo não deixa de estar certo por causa da vida ou obra do debatedor.
Outros grandes ensinos da igreja como a Trindade, humanidade e deidade de Cristo embora não explicitados em nenhum versículo da Bíblia, foram solidificados em meio a grandes debates e concílios. Logo, a justificativa que apresentam sobre não discutir, enquanto o mundo perece, não faz muito sentido do ponto de vista histórico-bíblico.
Portanto, sinta-se a vontade para discordar deste post, mas, antes de me criticar com base na empatia ou antipatia, procure dados que fundamentem sua crítica e se mantenha nos dados colocados neste artigo. Uma vez tendo os dados que comprovem sua crítica, coloque-os nos comentários e vamos debater juntos sobre a forma como os cristãos hoje debatem com tanto calor e paixão, mas sem raciocínio lógico ou argumentos convincentes.
Que o Senhor te abençoe e te guarde.
@milhoranza