Certas vezes o cotidiano nosatropelas com seus prazos, exigências e intolerâncias e acabamos por osesquecer das coisas que realmente importam. Este é um tema recorrente em meustextos e me desculpe o caro leitor mas somente cessarei de escrever a respeitodisso quando notar que não mais é um problema de nossa sociedade nem verificarrelevância no tema.
Esta semana estava trabalhando em umhospital e tive a oportunidade de conversar com um senhor que tomarei aliberdade de chamar “Carlos”. Carlos foi diagnosticado com um câncer gástrico eestava no hospital para realizar mais uma de várias sessões de quimioterapia epara compensar alguns desequilíbrios metabólicos muito comuns para quemapresenta esta patologia.
Ao perguntar sobre sua vida ele medisse que se aposentou como motorista de Ambulância e que durantes todos seusanos de trabalho havia levado várias pessoas em sua viatura por viagens nointerior do Brasil em busca de auxílio médico passando por vezes vários diassem ver a face de sua esposa e filhos. Contou-me que as vezes passava dias aprocura de atendimento mas nunca havia deixado nenhum de seus pacientessucumbir a sua patologia sem lhe prestar atendimento.
“Nunca deixei ninguém morrer!” -Disseem dado momento.
Nesse instante notei que um soluçocomeçou a escapar de seus lábios. Após alguns instantes os soluços deram lugara um choro contínuo e uma feição de dor transformou a face daquele homem. “Deveser por conta de sua doença que está chorando”-Pensei. Por fim resolviperguntar o porquê de sua tristeza profunda.
“Queria ter ajudado mais gente!” – respondeu.