Tenho minhas dúvidas de publicar esse texto, pois afinal ele traz uma figura de direita como seu personagem principal.
Alguns já devem ter percebido que o fundador desse blog tem uma tendência esquerdista no próprio sangue, que é vermelho, e eu tenho dificuldade em não ser do contra simplesmente pela diversão de irritar os outros (principalmente quando a figura a ser irritada é um grande amigo com alta capacidade inteligência e doido por uma discussãozinha). Com esse texto não venho defender a direita (que tenho tendências a ser mas nego com uma arma em sua cabeça!), ou o PSDB (que definitivamente não curto), pois afinal defender partido é ortodoxo demais pra minha pessoa. Esse texto vem colocar na mesa uma posição muito interessante do nosso querido ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, alguém que, como eu, parece ter muito interesse em azucrinar as coisas.
Nessa semana li dois textos que revelavam algo muito incomum dentro da política e esse textos traziam FHC como a estrela do espetáculo. Um texto da Folha de São Paulo falava de um debate que tinha sido promovido pelo iFHC (adivinha de quem é essa ONG?) entre FHC e Marina Silva, ou seja um ex-presidente do PSDB (partido tido como maior representante da direita brasileira) conversando com uma presenciavel ex-PT e ex-PV, partidos conhecidos como de esquerda.
Outro texto foi uma entrevista com FHC que saiu na revista Trip sobre sua posição a favor da regulamentação das drogas (regulamentação essa que muitas vezes é entendida como liberação, mas não é a mesma coisa). Nessa entrevista FHC afirma ser parte de uma comissão que propõe rever como as drogas são tratadas no plano político e dentro da comissão brasileira sobre o assunto FHC dividi espaço com o deputado Paulo Teixeira, líder da bancada do PT na Câmara. Nessa entrevista, quando perguntado se o debate era suprapartidário, FHC responde:
O líder do PT na Câmara, o deputado Paulo Teixeira, tem um dos projetos mais ousados para regulamentar a maconha. E sou o primeiro a defendê-lo quando o citam fora de contexto.
(perceba que esse texto beira questões com alto grau de mamilosidade, tem uma tendência a ser muito polêmico, mas eu não pretendo entrar no quesito de visão política ou de liberar ou não as drogas, esses assuntos são complexos demais para o espaço que pretendo preencher, então me faça o favor de não se ater a esses detalhes irrelevantes a esse texto)
O fim do meu texto é chamar a atenção para a abertura que FHC demonstra ao conversar com aqueles que são considerados inimigos pelo partido ao qual pertence. Não quero defender a figura do ex-presidente, mas chamar atenção para sua postura que abre mão de discordâncias para se ater as concordâncias.
Não sei se você é como eu, mas eu não conhecia o mundo multi-colorido além da minha denominação até ir para uma comunidade que estava aberta a conversar com outras denominações, antes de ir para Curitiba (tinha uma suspeita, mas) não imaginava que existia toda essa vida cristã de alto nível fora da igreja luterana.
Muitos pastores não se conversam porque vivem competindo, e uma parte deles não tem muito a perder (como um político que ao se aliar com alguém de outro partido pode ser expulso e perder o emprego) por conversar com pessoas de outras denominações ou religiões, ninguém está mudando de denominação ou está trazendo a visão de lá para cá, estão só conversando, trocando ideias…
Vejo que perdemos muito tempo com picuinhas partidárias (partidária no âmbito político e religioso) preocupados com coisas pequenas que nos afastam quando poderíamos estar lutando pela causar maior do Reino de Deus ou da dignidade humana. O mundo cresceria imensamente se nós (utopicamente, infelizmente) conseguíssemos sentar na mesma mesa e perceber que concordamos em muita coisa. Isso poderia abrir as portas pra sermos amigos.
Como meu caro amigo Pepe discorreu em seu último (ótimo) texto, e como o camarada (punho levantado e fechado agora, irmão!) Cristiano disse esses tempos no twitter a Igreja não é um local fechado em si mesmo, ela foi feita para o próximo, não importando suas visões ou dogmas. E, se a gente concorda em alguma coisa, vamos lutar juntos por essa parada!
Kyrie eleison