Foram tempos onde a igreja passava por uma total depravação e corrupção, e o nome de Cristo, que apesar de muito popular entre o povo, dele, ainda era muito desconhecida a sua vivificante doutrina. Assuntos discutidos hoje, como graça, pecado, o uso correto da lei, e a liberdade do cristão não eram assuntos, (jamais poderiam ser) naquela época.
Apesar disso, nessa mesma conjuntura, existiam homens verdadeiramente cristãos que tinha sua fé embasada num Cristo vivo e verdadeiro, do qual, jamais o negariam diante de qualquer Papa bem enfeitado.Em meados de 1370 depois de Cristo, surgiu na Inglaterra, um sujeito culto, bem letrado, perito nas áreas da filosofia, grande conhecedor das Escrituras e ciente da realidade daquela época de opressão eclesiástica. Seu nome: John Wycliff. Esse cara, percebendo que um forte adultério da parte da Igreja estava sendo cometido com as Escrituras, ele levantou a voz, e passou a denunciar isso, levantando grandes esforços nessa direção. De forma bastante previsível, aconteceu o que aconteceu: a atitude mais covarde que a igreja poderia ter, foi de simplesmente “pedir a cabeça” do cara. Esse homem tinha amigos muito influentes na época que defendiam suas idéias, o que lhe conferiu uma certa proteção. Sendo assim, a morte não foi uma sentença para Wycliff. Diversas cartas de autoridades da Igreja da época, fazendo ameaças maquiadas com um tom formalmente diplomático, foram enviadas a Wycliff, exigindo que ele parasse de afirmar tudo aquilo que estava apregoando. Os principais Bispos da época também enviaram cartas difamando-o para várias pessoas importantes da sociedade inglesa, alertando-as para que não dessem crédito algum às suas idéias. O interessante é que Wycliff não morreu nas mãos da igreja, mesmo tendo vivido numa época em que a guilhotina e a fogueira eram coisas comuns. Mas ele foi perseguido e reprimido até o fim da sua vida e morreu com o título de herege, pelo Concílio da Inglaterra.
Será que estamos lidando com semelhanças ou meras coincidências em algumas igrejas dos dias de hoje? É triste constatar que a primeira atitude dos líderes de algumas igrejas, que se sentem ameaçados por qualquer pessoa cujas idéias provocam uma reflexão que remeta ao reconhecimento do erro e do pecado, é de “pedir a cabeça” do sujeito, como naquela época. Hoje não se cortam mais cabeças. É pior: retira-se o que é visto como “câncer” de forma cirúrgica, covarde, sutil, diplomática. É a técnica evoluída: o abraço na chegada, a calúnia na saída. Ninguém vê acontecer, mas funciona. Os tempos mudaram. Mas me parece que muita coisa ainda acontece exatamente como naquela época. O que falta para compreendermos que o Reino de Jesus acontece numa mesa de comunhão e não numa escrivaninha de poder?
”A lógica do amor é mais dificil que a lógica do poder, porque pelo amor você não controla ninguém.” Ziel Machado