Uma teoria sobre o evangelho prático

Introdução

Um pré-requisito que devemos levar em conta ao ler a Bíblia é que a fé sempre deve ser encarada de um ponto de vista prático, ou seja, a fé não é apenas contemplativa, etérea, mas sim prática.

Isso deve ser levado em consideração quando professamos nossa fé em Deus. Logo, toda nossa prática cristã deve ser fundamentada neste princípio.

Com este conceito em mente nossa leitura do trecho em Mateus 5:14-16 passa a ganhar um novo significado, pois vamos notar que o conceito de luz e sal que Jesus se refere está ligado às boas obras, e por fim à glorificação do nosso pai.

Contexto histórico

Outro pré requisito que devemos levar em conta é o ambiente histórico onde Jesus está vivendo, pois isso muda nossa idéia do são as boas obras. Nesta época o povo vivia oprimido pela dominação romana, e havia muita pobreza na sociedade. Além disso o povo esperava um messias político.

O papel da Igreja diante da realidade

Com todos estes conceitos em mente agora podemos entender um pouco melhor o ensino de Jesus registrado neste trecho.

A igreja deve estar atenta às necessidades materiais das pessoas, pois é a partir daí que virá a glorificação das pessoas a Deus, pois estarão mais atentas, uma vez que a Igreja se importa com seus problemas.

A Palavra diz que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus. Porém Jesus multiplicou o pão para a multidão! Se isso não fosse tão importante, não estaria registrado para nosso ensino. O que mais chama a atenção é que, neste episódio, Jesus não estava preocupado em encher templos, pois em Atos 2 não havia sequer 0,01%  da quantidade de pessoas mencionadas na narrativa da multiplicação dos pães.

Segundo Paulo, escrevendo aos Efésios, as pessoas estão mortas em seus pecados, logo não têm a capacidade de tomarem uma decisão espiritual. Mas, quando a Igreja, movida pelo amor ao próximo, se dispõe a ajudar essas pessoas em suas lutas nesta vida abre uma via importante para falar também de suas necessidades espirituais, e aí entra a ação do Espírito Santo.

A Igreja deve ser instrumento de Deus para mudança da realidade socio-econômica de uma comunidade e não apenas espiritual. Por isso Jesus nos deixou o exemplo curando, socorrendo, dando o pão e também falando sobre a necessidade que as pessoas tem de se relacionar com Deus.

Jesus nos chamou para servir, se preocupar com as pessoas, e isso não envolve apenas o aspecto espiritual. As igrejas, hoje, estão mais preocupadas em promover eventos culturais tais como cantatas e peças teatrais. Mas até que ponto isso contribui em uma mudança prática na vida as pessoas?

Muitas vezes vamos ao templo pensando em como seremos abençoados. Porém, a proposta do verdadeiro evangelho é sermos bênção. Por isso que Pedro escreve em sua carta que somos, entre outras coisas, sacerdócio santo.

Outro ponto que merece destaque, e estudo, é o dízimo. O dízimo foi criado a princípio para corrigir distorções sociais, basta ler o livro de Levítico para verificar isso. Acontece que, nos dias de hoje, a maioria das igrejas usa o dízimo para sustentar sua estrutura corporativa, e isso foge totalmente padrão bíblico!

Claro que devemos pagar as contas de um templo, nada mais que justo. Porém se fizermos uma auditoria nas contas da igreja qual a porcentagem que veremos aplicadas à correção das distroções socias em nosso meio e em nossa comunidade? São questões que carecem de mais estudos e uma reavaliação do uso destes recursos.

Devemos nos lembrar também das palavras de Tiago que diz que a verdeira religião é ajudar as viúvas e os órfãos.

Que Deus nos capacite a viver um evangelho prático!

Alexandre Milhoranza
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