A mentira sobre a Unção

Além das fábulas das Rosas e águas ungidas do Monte Sião, contadas por igrejas universalistas por aí, existe um outro perigo teológico que ronda a Igreja brasileira.
Este perigo está oculto, não é dada a importância devida a ele:
É a banalização da UNÇÃO!
Estive conversando com vários Trolls Evangeliquêses, que me disseram várias respostas absurdas sobre o que é unção:
– “É quando a pessoa está ministrando e as pessoas se derramam”
– “É uma coisa que Deus dá pras pessoas que vivem em Santidade”
– “É aquela sensação que você tem quando está louvando e adorando. Quando o varão tem unção a gente sente a presença de Deus”.
Segue um breve (não tão breve, mas edificante) estudo sobre o assunto. Espero que seja de grande proveito para Trolls de todos os tipos e para você que assim como eu, não sabia distinguir unção de emocionalismo:
“Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai. E esta é a promessa que ele nos fez: a vida eterna. Estas coisas vos escrevi acerca dos que vos enganam. E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis. E agora, filhinhos, permanecei nele; para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança, e não sejamos confundidos por ele na sua vinda. Se sabeis que ele é justo, sabeis que todo aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 João 2:24-29).Nesta passagem João insiste em que os irmãos permaneçam nas coisas que aprenderam, conforme lhes foram ensinadas, a fim de permanecerem em Cristo. O maior interesse desta passagem repousa numa expressão já antes usada por João. No verso 20, João lhes falou da unção que receberam do Santo, graças à qual receberam o conhecimento: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo”. Ele diz que a unção recebida lhes ensinou todas as coisas. Qual é o significado profundo desta palavra unção? O que João quer dizer com a mesma? Vamos retroceder ao pensamento hebraico, a fim de entender melhor o que há por trás desta passagem.

No pensamento e na prática do povo hebreu a unção estava associada a três classes de pessoas. 1) – Os sacerdotes eram ungidos. As disposições rituais estabeleciam: “E tomarás o azeite da unção, e o derramarás sobre a sua cabeça; assim o ungirás… E vestirás a Arão as vestes santas, e o ungirás, e o santificarás, para que me administre o sacerdócio”. (Êxodo 29:7; 40:13). Também Levítico 16:32: “E o sacerdote, que for ungido, e que for sagrado, para administrar o sacerdócio, no lugar de seu pai, fará a expiação, havendo vestido as vestes de linho, as vestes santas”. 2) – Os reis eram ungidos. Samuel ungiu Saul, o primeiro rei de Israel (1 Samuel 9:16; 10:1). Deus ordenou que Elias ungisse Hazael e Jeú (1 Reis 19:15-16). O Senhor ungiu o profeta Isaías para que este levasse as boas novas à nação (Isaías 61:1) [Passagem que também profetizava a obra de Jesus Cristo].

Nos tempos antigos a unção era privilégio de poucos eleitos: sacerdotes, reis e profetas, qualquer que fosse a sua dignidade.


Assim, em primeiro lugar a unção representa o privilégio do cristão em Jesus Cristo.

O sacerdote era chamado “O Ungido”. Mas o Ungido Supremo seria o Messias, visto como o próprio vocábulo “Messias” significa “ungido”, sendo que a palavra Cristo tem o mesmo significado em Grego. Portanto, Cristo é o Supremo Ungido. Agora surge a pergunta: Quando Jesus Cristo foi ungido? A resposta é a mesma que tem sido sempre dada pela Igreja: Na ocasião do Seu batismo, quando Jesus foi ungido pelo Espírito Santo (Atos 10:38).Devemos esclarecer que o mundo grego também conhecia a unção. Ela fazia parte das cerimônias de iniciação nas religiões de mistérios, nas quais supunha-se que o iniciado recebia um conhecimento especial de Deus e um contato especial com Ele. [Isso acontece hoje na Maçonaria e no Mormonismo]. Sabemos que, pelo menos os falsos mestres afirmavam possuir essa unção especial, a qual os conduzia a um conhecimento especial de Deus.

Hipólito nos conta que esses falsos mestres costumavam dizer: “Somente nós é que somos cristãos verdadeiros, os únicos a ter completado o terceiro portal, tendo sido ungidos com a inefável unção”. Eles garantiam que essa unção especial lhes proporcionava um conhecimento especial de Deus. [Esse modismo tem penetrado na maioria das igrejas neopentecostais]. A isso João responde que a única unção verdadeira é a que Cristo nos dá.

Mas, quando essa unção chegava aos cristãos, em que consistia e o que proporcionava?

Havia somente uma cerimônia pela qual os cristãos passavam – o batismo. Em anos posteriores houve a prática de ungir os cristãos com azeite consagrado, conforme nos conta Tertuliano.

Quanto à segunda pergunta, é mais difícil de ser respondida e temos para a mesma duas respostas:

1. – Pode ser que a unção significasse a vinda do Espírito Santo sobre os cristãos, na hora do batismo. Na Igreja Primitiva isso acontecia da maneira mais evidente possível: “Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo” (Atos 8:17). [A Igreja Primitiva era constituída em sua maior parte de judeus, os quais, como diz Paulo, sempre buscavam sinais e Deus lhes dava esses sinais]. Se neste verso as duas palavras “Espírito Santo” fossem substituídas pela palavra “unção”, aí teríamos um excelente sentido. Seria, então, o Espírito Santo por eles recebido que neles iria permanecer. Seria o Espírito Santo enviado por Cristo que iria ensinar-lhes todas as coisas. (João 16:7-14).

2. – Outra possibilidade é que os versos 24 e 27 são quase paralelos em sua expressão. Vamos ler o verso 24: “Portanto, o que desde o princípio ouvistes permaneça em vós. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também permanecereis no Filho e no Pai” Agora vamos ler o verso 27: “E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis”. Aqui observamos que “o que desde o princípio ouvistes” e “unção” são exatamente paralelos. Desse modo, pode ser que a unção recebida pelos cristãos seja a instrução na fé cristã, recebida na Palavra, quando ele é ungido, na Igreja, com o verdadeiro conhecimento da fé e da vida em Cristo.
Pode até ser que estas duas interpretações possam ser combinadas, o que se tornaria algo mais valioso: que temos duas maneiras de provar qualquer novo ensino que nos seja oferecido:
a) – Ele confere com a tradição cristã na qual temos sido instruídos, devendo permanecer em nossas mentes e corações?
b) – Ele confere com o testemunho que o Espírito Santo dá em nosso íntimo? Estes são os critérios cristãos da verdade [Qualquer ensino que ultrapassa a doutrina entregue nas Sagradas Escrituras deve ser rejeitado]. Temos, então, duas evidências: a interna – que todos os ensinos devem submeter-se ao testemunho do Espírito Santo em nossos corações. O apóstolo João diz que se um homem permanece na verdade que lhe foi ensinada através das Escrituras e se essa verdade é evidenciada pelo Espírito Santo, então ele está capacitado a receber somente a verdade, podendo rechaçar a mentira e, portanto, permanecer em Cristo.[Infelizmente os crentes modernos ficam lendo livros de autores medíocres e escutando CDs de má qualidade doutrinária, preparados por homens não estudiosos da Palavra (e muitas vezes nem sequer convertidos), em vez de estudar a Bíblia. Assim, podem ser levados facilmente por todo vento de doutrina].No verso 28 João insta os leitores a permanecerem sempre em Cristo, de modo que quando Ele regressar em poder e glória, não tenham do que se envergonhar. A melhor maneira de nos prepararmos para a vinda de Cristo é viver com Ele todos os dias. Se assim fizermos, Sua chegada não nos surpreenderá. Será apenas a entrada numa presença mais próxima de Alguém com quem temos vivido por muito tempo. A melhor maneira de nos prepararmos para a chegada de Cristo é jamais esquecer a Sua presença. Mesmo que tenhamos dúvidas, dificuldades e interrogações sobre a Sua Segunda Vinda física, ela não vai deixar de acontecer. Para todos nós a vida vai acabar algum dia. Todos os homens receberão o chamado de Deus e terão de abandonar este mundo. Se jamais pensamos em Deus e se Jesus Cristo tem sido apenas uma remota e pálida lembrança, a qual vez por outra nos aflora à mente, esse chamado será o nosso encontro com um estranho, quando entrarmos no espantoso e incerto futuro. Contudo, se tivermos vivido conscientemente na presença de Cristo, se tivermos andado e conversado diariamente com Deus, haverá um encontro familiar, quando chegarmos à Sua presença santa, libertos para sempre do véu que nos embota os sentidos. Simples e meridianamente verdadeiro é que o homem deve permanecer em Cristo até o final de sua vida, para que possa encontrar-se com um Amigo e não com um estranho.

No verso 29, João retoma um pensamento que jamais abandonou sua mente. A única maneira de alguém provar que está em Cristo, de provar que passou pelo novo nascimento, é a sua retidão de vida. O que os lábios de um homem confessam jamais pode ser desmentido pelo seu modo de agir.

Extraído do – “Comentário das Cartas de João e Judas” de William Barclay

PS: Que possamos buscar a Verdade somente nas Escrituras, pois são voz de Deus para nós. Que tal dedicar mais tempo a leitura da Palavra do que a livros que falam sobre a Palavra?
Posted in Artigos and tagged , .