“Tudo quanto em oração pedirdes, crede que recebeste, e será assim convosco” (Marcos 11:24).
Por muitos anos em minha vida meu coração disparava quando me deparava com esta passagem bíblica. Vamos recapitular a cena por um instante: Havia poucos dias Jesus entrara em Jerusalém com o grupo dos doze discípulos para as festas da Páscoa e passado por uma figueira amaldiçoou-a quando descobriu que esta não apresentava frutos. Já comentei algo neste post anterior sobre as razões pelas quais Ele tomou esta atitude. Posteriormente alguns comentários se seguem até que finalmente Nosso Senhor libera esta afirmação tão contundente quando insólita.
O que mais me intrigava é que aparentemente o requisito fundamental para que o pedido de oração seja respondido é a fé. Ou seja, se não recebia algo é porque provavelmente não possuía a fé necessária para usufruir de tal benção em minha vida. Confesso que apesar da negativa divina não me sentia tão incomodado com isso na época já que no final de contas a maioria de meus pedidos margeavam solicitações superficiais referentes ao meu desempenho escolar, garotas que eu havia me enamorado ou presentes que queria ganhar. Mas e quanto uma mãe que ora por um filho com câncer? Será que posso afirmar que a fé de um coração de uma mãe desesperada é falha?
Certa vez li um texto que contava a história de uma senhora Norte Americana que contraíra esta terrível doença que pouco a pouco minava sua saúde. Tal Senhora, cristã praticante, lecionava na Escola Dominical de sua comunidade para um grupo de crianças. A doença apesar de debilitá-la não conseguiu privar sua voz, motivo pelo qual ela permaneceu dando aulas. Um dia em uma proposta para as crianças ela sugeriu que respondessem a pergunta: “Se você encontrasse com Jesus hoje o que perguntaria?”. As respostas para esta indagação foram as mais inusitadas e belas possíveis: “Como é o céu?”-um perguntou. “Tem água onde o Senhor mora?”-outro arguiu. “O Senhor sente fome?”.
Finalmente, em meio a tantas perguntas uma chamou a sua atenção: “Porque o Senhor não cura a mamãe?” perguntava um dos alunos. Ao verificar o cabeçalho da página e professora descobriu com lágrimas nos olhos a criança que fizera tal questionamento: Seu filho!
Ainda não sei por que Deus não responde todas as orações. Isso me incomodava muito e por vezes ainda me causa desconforto atualmente. Porque Deus não pode simplesmente se mostrar mais ativo em nossos relacionamentos? Responder mais orações e terminar com o sofrimento de pessoas como esta senhora e tantas outras que sofrem injustamente de um mau terminal ou a perda de um ente querido? Fica muito difícil não questionar a eficácia dos planos divinos para qualquer um que visita uma UTI neonatal ou um hospital para o tratamento de câncer.
Estranhamente Deus escolheu o caminho mais inusitado para lidar com a humanidade, mostrando-se pouco, incentivando o relacionamento franco através da oração, e nos pedindo que diante de todas as expectativas contrárias, mesmo assim, tenhamos fé. O meu consolo diante deste dilema veio somente há pouco tempo quando me deparei com o trecho bíblico contido no livro de João 17: 20-23 em que Jesus ora pela unidade da igreja. Essa oração feita há aproximadamente dois mil anos ainda permanece sem respostas, e apesar de não encontrar indícios que se realizará em breve ainda consigo ver a esperança que Deus apresenta na humanidade em cada amanhecer e nas obras das mão de muitos dos chamados cristãos!
Permanecer com minha fé? Bom… Acho que isso posso continuar fazendo. Não desistirei mesmo que minhas orações não sejam respondidas. Por quê?? Jesus não desistiu!