Envolvidospelo clima das eleições 2010, muitos evangélicos têm tentado romper oseu silêncio e a indisfarçável vontade de ceder ao fascínio dapolítica, ainda que seja com um discreto clique para encaminhar, viae-mail, alguma mensagem que recebeu. Nossas caixas de e-mail recebem,todo dia, inúmeras delas, cada uma mais extravagante do que a outra.Com raríssimas exceções, chega uma ou outra de algum proveito. Éinteressante como as pessoas que encaminham essas mensagens tentam seresguardar: “eu não me envolvo em política, mas…”; “eu não costumoenviar mensagens desse tipo, mas…”; “eu não sou contra nem a favor,mas resolvi te enviar”; “repasso como recebi”. Você já experimentouretornar a um desses e-mails, com uma resposta cujo conteúdo secontrapõe ao da mensagem que você recebeu? Quase sempre, a paixãopolítica aflora e aquelas pessoas reagem, defendendo sua posição;algumas, com certa intransigência até. Mas, isso é ótimo para ademocracia – não a intransigência –, mas o confronto de idéias. Ninguémdeve se sentir policiado por defender seus pontos de vista. É atravésdo diálogo, munido de informações fidedignas e argumentações coerentes,que nós podemos construir posicionamentos honestos e sólidos. Épossível que muitos desejassem fazer coro a alguma das mensagensrecebidas ou rebater outras; entretanto, para evitar polêmica e o riscode se exporem e ser estigmatizados, optam pelo silêncio. Isso é maupara a democracia.
Evangélicos e Política
Saudações, CRENTASSOS!!! Como andam as coisas???
Pois então: Recebi este email de amiga do twitter, a @gabriellasluana q eu conheci no FORUM DE MISSÃO URBANA na Igreja Presbiteriana do Guabirotuba em maio desse ano.
O Texto foi escrito pelo Rev. Eneziel e é bem interessante… vale a pena a leitura!
espero q gostem!
Estamosàs vésperas de uma das maiores eleições e a mais organizada do planeta.No próximo dia 3 de outubro, quase 136 milhões de brasileiros poderãocomparecer às urnas e votar em seus candidatos. Embora, no Brasil, ovoto seja obrigatório, devemos ver a oportunidade de participar doprocesso eleitoral não como um dever, mas, como um solene e inegociáveldireito.
Énatural que as eleições sejam precedidas por troca de informações,debates e questionamentos em torno das qualidades e deficiências decada candidato, bem como de seus respectivos programas de governo. Issoé necessário e faz bem à Democracia.
Pormuito tempo, os evangélicos se mantiveram distantes da política.Dizia-se: “crente não se mete em política”. Tal pregação fez com quemuitos evangélicos negassem a sua vocação cristã-reformada, abandonando“a cidade dos homens” e preocupando-se apenas com “a cidade de D’us”.Os efeitos de tal posicionamento ainda se fazem sentir. Grande partedos evangélicos enfrenta o desconforto provocado pela visão dicotômicaentre ser cidadão do reino de D’us e cidadão deste mundo. Esseconflito, desnecessário, poderia ser evitado através do ajuste aoensino bíblico sobre o significado de ser sal, luz e fermento no mundo.Também uma olhada na pregação e prática dos reformadores, poderialeva-los a compreender que o nosso campo de ação é a sociedade, e nãoas quatro paredes do templo.
Creioque nós, evangélicos, precisamos amadurecer no que tange a participaçãopolítica. Com os parâmetros de que dispomos: a Palavra de D’us e aherança reformada, temos o dever de superar a irresponsabilidade daomissão, bem como a ingenuidade da mera reprodução de discursosinconsistentes e tendenciosos.
Dianteda avalanche de conteúdos políticos veiculados ultimamente na internet,com a bem intencionada (ou não) colaboração de muitos evangélicos,algumas observações se fazem necessárias:
1.Terrorismo psicológico não é uma estratégia honesta
Devemosresistir à tentação de convencer as pessoas pela intimidação, cominformações sensacionalistas que, quase sempre, não apresentam a fonte,não podendo, portanto ser checadas. Essa espécie de terrorismopsicológico não deve contar com o respaldo de pessoas que têmcompromisso com a verdade. O terrorismo, seja físico ou psicológico, éuma prática política que deve ser rechaçada pelos discípulos de Jesus,por mais conveniente que seja para nós, em algum momento, esse tipo deataque. Devemos, sim, compartilhar informações baseadas em fontesfidedignas, dentro de seus respectivos contextos, sem nenhum tipo demanipulação e distorção da verdade.
2.A idéia de um absolutismo político teocrático é incompatível com o evangelho
Épreciso compreender que nós vivemos em uma democracia, e não em umregime político de absolutismo teocrático, como acontece, por exemplo,em países islâmicos. Essa aspiração externada por alguns evangélicos,em textos que têm circulado por aí, é um equívoco e merece o nossoveemente repúdio.
Afé cristã não é um projeto político. O reino de D’us se impõe pelaconversão e não pelas vantagens conferidas por sistemas políticosafinados com os interesses dos evangélicos. O estabelecimento de umpossível governo evangélico, nessa perspectiva fundamentalista, seriaum desastre para a democracia e uma afronta ao reino de D’us.
Muito bem se expressou José Caldas: “Não há uma causa evangélica na política, mas uma causa política à espera dos evangélicos.”
D’usnão é de direita nem de esquerda; certamente não tem preferência pornenhum partido político; e pode agir até mesmo através de pagãos, a fimde levar a cabo os seus propósitos.
3.Participação política desvinculada de análise de conjuntura é a arte de enganar a si mesmo
Éfato reconhecido que, no Brasil, política é paixão. Se os partidos têmalguma identidade ideológica, talvez seja apenas em teoria. Na decisãode uma eleição, parece que os candidatos são mero detalhe. A influênciado poder econômico, dos marqueteiros e dos meios de comunicação édecisiva. Eles fabricam e impõem candidatos. Os eleitores, por sua vez,formam a plateia desse grande circo: é o “respeitável público”; ealguns até se comportam de forma ensandecida.
Umaparticipação consciente é o grande desafio, especialmente para aquelesque têm a missão de ser a luz do mundo. Livrar-se dessa rede dofaz-de-conta, de fato não é fácil. É por isso que precisamos filtrar opalavrório que nos bombardeia nesta época de eleições. As palavras eimagens do período de campanha enfeitiçam.
Quemdeseja participar de forma consciente e relevante, não pode prescindirde uma acurada análise de conjuntura. Segundo o Dr. José EustáquioDiniz Alves, pesquisador do IBGE, “uma análise de conjuntura é umretrato dinâmico de uma realidade e não uma simples descrição de fatosocorridos em um determinado local e período. Ela deve ir além dasaparências e buscar a essência do real.”
Parachegarmos a uma análise abrangente, não podemos nos contentar come-mails sensacionalistas, tanto os de cunho catastrófico quanto os decunho ufanista.
Devemosbuscar em fontes oficiais e reconhecidas, as informações reais. Pessoasque não se dão a esse trabalho, correm o risco de pegar qualquer onda.Também aqueles que têm como fonte de informação, durante toda a vida,apenas os noticiários de uma única emissora de TV, ou se tornamleitores cativos de uma única revista ou jornal, podem acabar fazendouma análise distorcida da realidade.
4.Engajamentopolítico que não vai além de um clique no computador para encaminharmensagem pode se transformar na mais nova diversão pequeno-burguesa dosevangélicos brasileiros
O termo “pequeno-burguês” refere-se a “pessoa de classe média abastada, que cultiva preconceitos e ideias estreitas.”
Osevangélicos, em geral, demonstram grande resistência quanto aoengajamento efetivo na vida política, através da participação emmovimentos populares, militância partidária, atuação nos sindicatos,participação em conselhos comunitários, presença nas reuniões da câmarade vereadores e o acompanhamento das decisões transmitidas pela TV (TVAssembleia, TV Câmara, TV Senado). Durante o período dos mandatos, sãorelapsos quanto ao acompanhamento e fiscalização sistemática da atuaçãodos indivíduos em quem votaram: para prefeito e para vereador; paragovernador e deputado estadual; para presidente, deputado federal esenador.
Falar de política na igreja e buscar a relação entre fé cristã e cidadania, para muitos, é o fim, não é “espiritual”.
Sendoassim, a internet se torna o espaço ideal para brincar de fazerpolítica, bem longe do espaço real, onde de fato ela acontece. Essaestratégia pequeno-burguesa não leva a lugar nenhum, até porque ela nãoatinge aqueles que, para o bem ou para o mal, fazem a diferença napolítica: os “pés descalços e descamisados”, que já foram do Getúlio,do Collor e, por enquanto, são do Lula.
Rev. Eneziel Peixoto de Andrade
Pastor Presbiteriano