A Parábola do Filho Pródigo pelas lentes da MPB – Musicas do Mundo q me Edificam ESPECIAL

Saudações CRENTASSOS, do meu Brasil! Como estão curtindo o espetáculo na africa? 

Pois bem… Para comemorar os 300 posts desse humildissimo blog, trago para vcs um show… alias, muito mais q um show um MEGA BOGA SHOW de post! Direto das cabeças subversivas de José Barbosa Junior (do blog, crer tambem é pensar) e Benjamin Sathler, nasceu uma ideia q é digna de ser repostada em todos os blogs q prezam pela cristandade e pela cultura… 

Aconcelho-vos q só acessem este post quando estiverem em casa e bem relaxados para curtir cada musica e cada poema, vagarosamente, como quem come um chocolate ou bebe um vinho… 

Link para todos os videos!
futuramente links para baixar as musicas!!!
aproveite!!!
segue


 Você já imaginou a Parábola do Filho Pródigo contada pelos versos da Música Popular Brasileira?

Já percebeu que muitas dessas músicas podem encerrar verdades e temas que nos fazem refletir e pensar em Deus e seu amor?

Este musical foi apresentado como programação especial de uma igreja evangélica no Rio de Janeiro, tendo uma boa repercussão.
Compartilho com vocês o ROTEIRO COMPLETO (textos e músicas) do musical “A Parábola do Filho Pródigo pela lente da MPB”
Seleção Musical: José Barbosa Junior e Benjamin Sathler
Texto e Roteiro: José Barbosa Junior
ABERTURA
A parábola do Filho Pródigo talvez seja uma das mais conhecidas histórias que Jesus contou. Hoje a veremos de uma forma um pouco diferente…
A vida pode parecer com uma estação de trem… muitos chegam, muitos vão… os que chegam trazem consigo as cores, alegres ou tristes, dos lugares por onde passaram. Os que vão, partem na esperança de conquistar algo, até mesmo a tão procurada felicidade…
Assim é a vida… até o dia em que, quem parte, leva um pedaço de nós…
Mande notícias
Do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando…

Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero…

Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega prá ficar
Tem gente que vai
Prá nunca mais…

Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai, quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim chegar e partir…

São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem
Da partida…

A hora do encontro
É também, despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida… (1)

Nossa história começa no Rio de Janeiro, anos 80. Explodia a alegria da abertura política e a globalização dava seus primeiros sinais… o Rock in Rio abria as portas da capital carioca para o mundo e o sonho americano fazia com que jovens deixassem suas famílias e fossem tentar a vida nos “states”.
Na família que hoje conheceremos, não era diferente…
Moradores de um bairro nobre do Rio, parecia, vista de fora, uma família normal, sem muitos problemas aparentes…
Um empresário, homem bem sucedido em seus negócios… e seus dois filhos, ambos acostumados a ter “do bom e do melhor”… ambos perdidos… acho até que poderíamos cantar a vida dos dois filhos desse jeito…
Levava uma vida sossegada
Gostava de sombra
E água fresca
Meu Deus!
Quanto tempo eu passei
Sem saber!
Uh! Uh!…

Baby Baby
Não adianta chamar
Quando alguém está perdido
Procurando se encontrar
Baby Baby
Não vale a pena esperar
Oh! Não!
Tire isso da cabeça
Ponha o resto no lugar
(2)


Ainda que ambos tenham sido criados da mesma forma… o filho mais novo, que havia a pouco tempo comemorado seus 18 anos, mergulha em uma procura existencial… sua vida parecia sem sentido… a infelicidade parecia rondar e encontrar lugar ali… enquanto ele mesmo procurava se entender…
Por tanto amor
Por tanta emoção
A vida me fez assim
Doce ou atroz
Manso ou feroz
Eu caçador de mim

Preso a canções
Entregue a paixões
Que nunca tiveram fim
Vou me encontrar
Longe do meu lugar
Eu, caçador de mim

Nada a temer senão o correr da luta
Nada a fazer senão esquecer o medo
Abrir o peito a força, numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura

Longe se vai
Sonhando demais
Mas onde se chega assim
Vou descobrir
O que me faz sentir
Eu, caçador de mim (3)

Sua procura parece não ter fim…
Ele, além de não se encontrar, parece buscar fora de sua casa, o que seu coração mais anseia…
Eu quero ficar só
Mas comigo só
Eu não consigo
Eu quero ficar junto
Mas sozinho só
Não é possível…

É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro prá fora
Amor que eu desconheço…

Quero um amor maior
Um amor maior que eu
Quero um amor maior,
Um amor maior que eu… (4)


Até o dia que ele decide partir… a casa, os amigos, o amor do pai… não são suficientes para preencher o vazio que se instalara em seu coração… ele quer partir…  que voar… em busca do sonho de ser feliz em outro lugar… em outro país… e ele vai…
Vou andar, vou voar, pra ver o mundo
Nem que eu bebesse o mar
Encheria o que eu tenho de fundo (5)

Seu pai sabe que a vida não é tão simples e fácil assim… cheio de amor e antevendo os caminhos tortuosos em que o filho deveria trilhar, faz sua dor se transformar em canto… um canto de alerta, um canto de dor, um canto de amor…
Ainda é cedo amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora da partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor
Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó.

Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás a beira do abismo
Abismo que cavaste com teus pés (6)

Silêncio
Façam silêncio
Quero dizer-vos minha tristeza
Minha saudade e a dor
A dor que há no meu canto

Oh, silenciai
Vós que assim vos agitais
Perdidamente em vão
Meu coração vos canta
A mais dolorosa das histórias
Meu amado partiu
Partiu

Oh, grande desespero de quem ama
Ver partir o seu amor (7)

De nada adianta o alerta do pai…
Ele está decidido… não há mais nada que o satisfaça na casa do pai…
Pede a sua parte nos negócios do pai… e parte… vai voar… vai beber o mar tentando preencher o seu vazio…
Vou andar, vou voar, pra ver o mundo
Nem que eu bebesse o mar
Encheria o que eu tenho de fundo (8)

É claro que no começo tudo parece um sonho…
A vida numa terra distante, gente nova, novos amigos… e muito dinheiro para gastar, em busca da felicidade…
Minha vida é andar
Por esse país
Pra ver se um dia
Descanso feliz
Guardando as recordações
Das terras por onde passei
Andando pelos sertões
E dos amigos que lá deixei.

Chuva e sol
Poeira e carvão
Longe de casa
Sigo o roteiro
Mais uma estação
E alegria no coração.(9)

Sem perceber, faz da sua vida uma busca incessante de prazeres e festas… sempre rodeado por amigos e mulheres… a vida é boa e louca fora de casa…
Que saudade nada!!! Ele quer é curtir o mundo, o novo mundo!!!

Vida louca vida
Vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
Vida louca vida
Vida imensa
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa (10)


Aqui damos um salto na história…

Lá se vão vinte anos após a saída de casa… o menino agora é um homem… com os mesmos medos e fantasmas a rondarem sua alma…
E ainda haveria de piorar…
O ano é 2008, uma crise na economia estadunidense faz com que o nosso já não tão menino perca tudo…
Todo seu dinheiro aplicado em ações e imóveis em terras norte-americanas escoa como uma água suja entrando pelo ralo…
A felicidade aparente desaba frente a nua e crua realidade que chega pra ficar… ele está só… sem dinheiro… sem amigos… sem amores… e numa terra distante…
         E agora, José?
          A festa acabou,
          a luz apagou,
          o povo sumiu,
          a noite esfriou,
          e agora, José?
          e agora, você?
          você que é sem nome,
          que zomba dos outros,
          você que faz versos,
          que ama, protesta?
          e agora, José?
          Está sem mulher,
          está sem discurso,
          está sem carinho,
          já não pode beber,
          já não pode fumar,
          cuspir já não pode,
          a noite esfriou,
          o dia não veio,
          o bonde não veio,
          o riso não veio
          não veio a utopia
          e tudo acabou
          e tudo fugiu
          e tudo mofou,
          e agora, José?
          E agora, José?
          Sua doce palavra,
          seu instante de febre,
          sua gula e jejum,
          sua biblioteca,
          sua lavra de ouro,
          seu terno de vidro,
          sua incoerência,
          seu ódio – e agora?
          Com a chave na mão
          quer abrir a porta,
          não existe porta;
          quer morrer no mar,
          mas o mar secou;
          quer ir para Minas,
          Minas não há mais.
          José, e agora?
          Se você gritasse,
          se você gemesse,
          se você tocasse
          a valsa vienense,
          se você dormisse,
          se você cansasse,
          se você morresse…
          Mas você não morre,
          você é duro, José!
          Sozinho no escuro
          qual bicho-do-mato,
          sem teogonia,
          sem parede nua
          para se encostar,
          sem cavalo preto
          que fuja a galope,
          você marcha, José!
          José, para onde? (11)

Felicidade foi-se embora e a saudade no meu peito
Inda mora e é por isso que eu gosto
Lá de fora, onde sei que a falsidade não vigora

Felicidade foi-se embora e a saudade no meu peito
Inda mora e é por isso que eu gosto
Lá de fora, onde sei que a falsidade não vigora

A minha casa fica lá detrás do mundo
Onde eu vou em um segundo quando começo a cantar
O pensamento parece uma coisa à toa
Mas como é que a gente voa quando começo a pensar (12)

Ele custa a entender que, sem dinheiro, tudo o que havia conseguido era efêmero… não resistiu ao crash da bolsa, e muito menos ao coração frágil e interesseiro de pessoas que o cercavam em busca de favores e posição… Porque é a mais pura verdade…
Dinheiro na mão é vendaval
É vendaval
Na vida de um sonhador
De um sonhador
Quanta gente aí se engana
E cai da cama
Com toda a ilusão que sonhou
E a grandeza se desfaz
Quando a solidão é mais
Alguém já falou.

Mas é preciso viver
E viver
Não é brincadeira não
Quando o jeito é se virar
Cada um trata de si
Irmão desconhece irmão
E aí
Dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão
Dinheiro na mão é vendaval
Dinheiro na mão é solução
E solidão (13)

E aqui, em terras brasileiras, um homem já velho… com seus cabelos brancos… não perde a esperança… mesmo 20 anos mais tarde e há tempos sem receber notícia alguma do filho que tanto amava… ele sonha.
Sonha com o filho entrando por sua porta… ele ainda sente o cheiro do perfume do filho espalhado pela casa… nos livros que tanto gostava de ler… e o sonho se renova…
Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Pra mudar a minha vida
Vem, v’ambora
Que o que você demora
É o que o tempo leva

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Dentro da noite veloz

Ainda tem o seu perfume pela casa
Ainda tem você na sala
Porque meu coração dispara
Quando tem o seu cheiro
Dentro de um livro
Na cinza das horas (14)


Longe de casa… perdido e sem nada… sua dor aumenta… seu semblante cai… sua tristeza e seu grito de desespero, com certeza, acordariam uma cidade inteira para ouvir do sofrimento e angústia de uma vida sem esperanças…

Parece cocaína
Mas é só tristeza
Talvez tua cidade
Muitos temores nascem
Do cansaço e da solidão
Descompasso, desperdício
Herdeiros são agora
Da virtude que perdemos…

Há tempos tive um sonho
Não me lembro, não me lembro…

Os sonhos vêm e os sonhos vão
E o resto é imperfeito…

Dissestes que se tua voz
Tivesse força igual
À imensa dor que sentes
Teu grito acordaria
Não só a tua casa
Mas a vizinhança inteira… (15)

Ele bem que deveria ter ouvido o conselho dado antes de sair de casa…

Quando eu sai de casa
Minha mãe me disse:
Baby, você vai se arrepender
Pois o mundo lá fora
Num segundo te devora
Dito e feito
Mas eu não dei o braço a torcer

Hoje eu vendo sonhos
Ilusões de romance
Te toco minha vida
Por um troco qualquer
É o que chamam de destino
E eu não vou lutar com isso
Que seja assim enquanto é (16)

Nos momentos de solidão… muitas vezes enumeramos algumas coisas… as chances desperdiçadas, os amigos que deixamos pelo caminho, os sonhos frustrados, os amores esquecidos…
Essa lista pode nos surpreender…

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais…
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar…
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?(17)

Ah! Se pudesse voltar no tempo… apagar os erros… fazer brilhar o sol onde só há chuva…
Rever conceitos, rever amigos, resgatar o amor perdido e o abraço querido do pai carinhoso…

Se um dia eu pudesse ver
Meu passado inteiro
E fizesse parar de chover
Nos primeiros erros

O meu corpo viraria sol
Minha mente viraria
Mas, só chove e chove
Chove e chove (18)


E do lado de cá… o pai ainda aguarda a volta do filho… sua esperança parece renascer a cada manhã… sua espera é maior… todos os dias ronda o metrô próximo à sua casa… quem sabe um dia seu filho apareça ali… o barulho dos trens traz a esperança que insiste em não ir embora…

O gesto humano fica no ar
O abandono fica maior
E lá na curva desaparece a sua fé

Homem que é homem não perde a esperança, não
Ele vai parar
Quem é teimoso não sonha outro sonho, não
Qualquer dia ele pára

E assim Pinduca toda manhã
Sorriso aberto e roupa nova
Passarinho preto de terno branco
Vem a renovar a sua fé

Quem é teimoso não sonha outro sonho, não
Qualquer dia ele pára

E assim Pinduca toda manhã
Sorriso aberto e roupa nova
Passarinho preto de terno branco
Vem a renovar a sua fé (19)

Se o amor quiser voltar
Que terei pra lhe contar
A tristeza das noites perdidas
Do tempo vivido em silêncio
Qualquer olhar lhe vai dizer
Que o adeus me faz morrer
E eu morri tantas vezes na vida
Mas se ele insistir
Mas se ele voltar
Aqui estou sempre a esperar (20)
Enquanto isso… o filho parece acordar de um pesadelo terrível…
Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei, nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos atrás (21)

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face? (22)

A dor das esquinas e lugares por onde sua vida passou nos últimos anos faz com que algo renasça em seu coração… a saudade do abraço do pai… o olhar amigo… o coração festivo onde sempre encontrou abrigo e proteção… Sua solidão demonstra a loucura que passou por tão pouca aventura …
Só você prá dar
A minha vida direção
O tom, a cor
Me fez voltar a ver a luz
Estrela no deserto a me guiar
Farol no mar, da incerteza…
Um dia um adeus
E eu indo embora
Quanta loucura
Por tão pouca aventura…
Agora entendo
Que andei perdido
O que é que eu faço
Prá você me perdoar…
Ah! que bom seria
Se eu pudesse te abraçar
Beijar, sentir
Como a primeira vez
Te dar o carinho
Que você merece ter
E eu sei te amar
Como ninguém mais… (23)

A esperança renasce… o sol parece voltar a brilhar, mesmo em terras distantes… e, enquanto houver sol… haverá esperança!
Quando não houver saída
Quando não houver mais solução
Ainda há de haver saída
Nenhuma idéia vale uma vida…

Quando não houver esperança
Quando não restar nem ilusão
Ainda há de haver esperança
Em cada um de nós
Algo de uma criança…

Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol…

Quando não houver caminho
Mesmo sem amor, sem direção
A sós ninguém está sozinho
É caminhando
Que se faz o caminho…

Quando não houver desejo
Quando não restar nem mesmo dor
Ainda há de haver desejo
Em cada um de nós
Aonde Deus colocou…

Enquanto houver sol
Enquanto houver sol
Ainda haverá
Enquanto houver sol
Enquanto houver sol…(24)

Decidido a voltar… o menino-homem parte em busca do abraço do pai… reencontrar o amor perdido no tempo… voltar pra sua cidade, ainda maravilhosa…
O pouco que ainda lhe resta é suficiente para comprar sua passagem de volta… ele quer voltar pra sua gente, seu povo, sua língua, quer voltar a ser menino… no colo de um pai amoroso!
O avião levanta vôo… falta pouco tempo…
Será que o pai ainda está a lhe esperar?
Será que ainda resta amor?
Será que ele o aceitaria, pelo menos, como um de seus muitos empregados?
Enquanto voa… sua mente viaja…
Um frescor de esperança parece trazer um leve sorriso, que há tempos deixou de ser dado… sua alma canta… ele vê sua cidade…
Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudades
Rio, seu mar
Praia sem fim
Rio, você foi feito prá mim
Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Rio de sol, de céu, de mar
Dentro de um minuto estaremos no Galeão
Copacabana, Copacabana

Cristo Redentor
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você
A morena vai sambar
Seu corpo todo balançar
Aperte o cinto, vamos chegar
Água brilhando, olha a pista chegando
E vamos nós
Pousar… (25)

Ele parece não acreditar… está de novo em terras brasileiras… 20 anos depois… o cheiro da infância invade seu corpo… e ele quer logo chegar em casa…
Como estará seu velho pai? e seu irmão? A casa… ainda estará da mesma forma? Vinte anos não são vinte dias…
Ele vai… o sol parece brilhar forte trazendo raios de esperança sobre sua vida…
Ele chega… vê a casa onde passou sua infãncia… seus olhos marejam… e ele se enche de coragem… e entra…
Eu cheguei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão
Eu voltei!…

Tudo estava igual
Como era antes
Quase nada se modificou
Acho que só eu mesmo mudei
E voltei!…

Eu voltei!
Agora prá ficar
Porque aqui!
Aqui é meu lugar
Eu voltei pras coisas
Que eu deixei
Eu voltei!…

Fui abrindo a porta devagar
Mas deixei a luz
Entrar primeiro
Todo meu passado iluminei
E entrei!…

Meu retrato ainda na parede
Meio amarelado pelo tempo
Como a perguntar
Por onde andei?
E eu falei!…

Onde andei!
Não deu para ficar
Porque aqui!
Aqui é meu lugar
Eu voltei!
Pras coisas que eu deixei
Eu voltei!…

Sem saber depois de tanto tempo
Se havia alguém a minha espera
Passos indecisos caminhei
E parei!…

Quando vi que dois braços abertos
Me abraçaram como antigamente
Tanto quis dizer e não falei
E chorei!…

Eu voltei!
Agora prá ficar
Porque aqui!
Aqui é o meu lugar
Eu voltei!
Pras coisas que eu deixei
Eu voltei!..(26)



Como a tristeza se transformou em alegria!!!
A festa tomou conta da casa… o pai logo manda comprar roupas novas para o filho… e convida os amigos para um churrasco… um bom e caprichado churrasco… o filho voltou!!!
Seu coração é só sorrisos… ele quer contagiar a cidade com sua alegria… num dia para nunca mais se esquecer…
O amor venceu a saudade… a festa venceu a tristeza… a esperança fez valer os anos de espera…
Tudo é festa… que todos venham… de todos os lugares… que a festa começou!!!
Hoje eu quero a rua cheia de sorrisos francos
De rostos serenos, de palavras soltas
Eu quero a rua toda parecendo louca
Com gente gritando e se abraçando ao sol
Hoje eu quero ver a bola da criança livre
Quero ver os sonhos todos nas janelas
Quero ver vocês andando por aí
Hoje eu vou pedir desculpas pelo que eu não disse
Eu até desculpo o que você falou
Eu quero ver meu coração no seu sorriso
E no olho da tarde a primeira luz
Hoje eu quero que os boêmios gritem bem mais alto
Eu quero um carnaval no engarrafamento
E que dez mil estrelas vão riscando o céu
Buscando a sua casa no amanhecer
Hoje eu vou fazer barulho pela madrugada
Rasgar a noite escura como um lampião
Eu vou fazer seresta na sua calçada
Eu vou fazer misérias no seu coração
Hoje eu quero que os poetas dancem pela rua
Pra escrever a música sem pretensão
Eu quero que as buzinas toquem flauta-doce
E que triunfe a força da imaginação (27)

Porém… no meio da festa… um sorriso não se abriu… um coração não festejou… um sonho não se tornou realidade…
O filho mais velho… amargurou-se… sempre esteve com o pai… e agora vê uma festa colossal (como ele nunca havia tido) para o irmão mais novo… o que havia feito tudo de errado… sujado o nome da família… levado embora durante anos o sorriso do pai…
Isso era injusto a seus olhos… seu sofrimento queria tomar forma e cor… um cálice sangrento de ira e dor…
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai, afasta de mim este cálice
Pai, afasta de mim este cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça (28)

O pai procura pelo filho mais velho no jardim da casa… e explica a alegria de ter o filho mais novo de volta… os sonhos todos na janela… a alegria voltando a colorir a casa… os sorrisos… a música…
O convite do pai para o filho mais velho é que ele entre para a festa… para o que é bom… perfeito…
Não é tempo de maldade… de rancores…
O futuro recomeça… a vida volta a pulsar na casa…
“Venha filho… isso tudo também é teu… sempre foi teu”
Venha!
Meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha!
O amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha!
Que o que vem é Perfeição!… (29)

Assim termina a nossa história…  a festa está de portas abertas…
Não… não tente se identificar apenas com um dos filhos… todos temos um pouco de cada um… muitos de nós partimos enquanto ficamos… e ficamos enquanto partimos…
Muitos de nós queremos a festa, mas também a detestamos quando é para o outro que a celebração acontece…
É preciso aprender… é preciso amar… é preciso saber viver!
Quem espera que a vida
Seja feita de ilusão
Pode até ficar maluco
Ou morrer na solidão
É preciso ter cuidado
Pra mais tarde não sofrer
É preciso saber viver

Toda pedra do caminho
Você pode retirar
Numa flor que tem espinhos
Você pode se arranhar
Se o bem e o mal existem
Você pode escolher
É preciso saber viver

É preciso saber viver
É preciso saber viver
É preciso saber viver
Saber viver, saber viver! (30)

Músicas e Poemas Selecionados:
1)        Encontros e Despedidas (Milton Nascimento / Fernando Brant)
2)        Ovelha Negra (Rita Lee)
3)        Caçador de Mim (Luis Carlos Sá / Sérgio Magrão)
4)        Amor Maior (Rogério Flausino)
5)        Seduzir (Djavan)
6)        O Mundo é um Moinho (Cartola)
7)        A Mais Dolorosa das Histórias (Vinícius de Moraes)
8)        Seduzir (Djavan)
9)        A Vida do Viajante (Luiz Gonzaga / Hervê Cordovil)
10)      Vida, Louca Vida (Lobão / Bernardo Vilhena)
11)      E Agora, José? (Carlos Drummond de Andrade)
12)      Felicidade (Lupicínio Rodrigues)
13)      Pecado Capital (Paulinho da Viola)
14)      Vambora (Adriana Calcanhoto)
15)      Há Tempos (Dado Villa-Lobos / Renato Russo / Marcelo Bonfá)
16)      Minha Vida (Lulu Santos)
17)      A Lista (Oswaldo Montenegro)
18)      Primeiros Erros (Kiko Zambianchi)
19)      Roupa Nova (Milton Nascimento / Fernando Brant)
20)      Se o Amor Quiser Voltar (Vinícius de Moraes)
21)      Poema (Cazuza / Frejat)
22)      Tabacaria / Retrato ( Álvaro de Campos / Cecília Meirelles)
23)      Um Dia, Um Adeus (Guilherme Arantes)
24)      Enquanto Houver Sol (Sérgio Britto)
25)      Samba do Avião (Tom Jobim)
26)      O Portão (Roberto Carlos / Erasmo Carlos)
27)      Sem Mandamentos (Oswaldo Montenegro)
28)      Cálice (Chico Buarque / Gilberto Gil)
29)      Perfeição (Renato Russo)
30)      É Preciso Saber Viver (Erasmo Carlos / Roberto Carlos)
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