Náufragos desgraçados

Nos cristãos contemporâneos estamos perdendo dia a dia, a consciência da dor…

naufrago

Entre um mundo de propostas mirabolantes de sucesso, prosperidade, conquistas financeiras e amorosas, acabamos por esquecer que o cristianismo, é uma religião de desgraçados, marginais, párias, solitários, fracassados, leprosos, prostitutas, e tudo oque  se pode imaginar ser posto à margem de qualquer sociedade que se preze… Não somos bonitos, somos DESGRAÇADOS! E cada vez que uma proposta de SUCESSO imediato induzindo ao erro, seja por má fé, seja por ingenuidade de um líder religioso me é apresentada pelas diversa mídias em que esse profissionais habitam com suas fórmulas magicas e seus souvenires místicos, tenho vontade de rasgar minhas vestes e chorar amargamente, por ver uma horda de supostos cristãos que os seguem, não pela determinação de traduzir o mundo em termos bíblicos, e converter a destraça da comunidade onde está inserido, em um ambiente que manifeste a maior densidade possível do reino de Deus, pelo contrário, querem, como num filme de zumbis, correr para saciar suas necessidades mais animalescas, numa gula por conforto, prazer, gloria e sucesso, passando por cima dos mais fracos sem piedade e parando apenas diante dos mais poderosos… Seus líderes.

Esquecem de que somos uns desgraçados, destituídos de qualquer capacidade, homens e mulheres fracos de caráter, negros racistas, mulheres machistas, pobres elitistas, e pessoas que de numa maneira grotesca, acabam por intensificar ainda mais um sistema que os oprime, um sistema que foi feito para que perdedores sempre percam e vencedores SEMPRE vençam… Homens e  mulheres que só podem ser restituídos através de algo que não conseguem manifestar… Seres humanos, desgraçados, que só podem vir a tona nesse oceano de injustiça e competição, se se apoiarem na graça… a única coisa que nos descaracteriza da condição de desgraçados…

E ainda como náufragos, flutuando na graça, precisamos desesperadamente, remar com nossas mãos até as outras vitimas, para que possamos salvar a maioria deste, termos o mínimo de perdas, temos que apontar a graça que nos salvou, em direção dos que ainda estão se afogando… Temos que ser a extensão dos braços de quem nos mandou a graça, temos que ser o corpo de Cristo…

 Não tem como sobreviver sem a ajuda de alguém… Não tem como continuar vivo, sem ajudar ou outros a se salvar… Por fim, somos todos iguais, alguns flutuando na graça, outros ainda se debatendo no mar, mas todos na mesma situação de náufragos desgraçados…

Um texto em homenagem ao meu amigo Luiz Modesto, que faleceu ontem, dia 2/6/2013…

A consciência e indignação continuam…

 

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