Tentarei ser o mais breve possível hoje.
Além de breve, quero ser objetivo e o mais explicito possivel. É Páscoa, mas não me atentarei a elocubrar e escrever sobre a morte e ressurreição de Jesus especificamente. Essa data me desafia muito mais do que me encanta, assim como qualquer dia em que penso em Jesus Cristo. Minhas próximas palavras podem até por um momento parecerem impulsivas ou apaixonadas. Mas quero falar de algo simples que antes de ser julgado como “sensacional” deveria ser visto, no minimo, como vocacional, na vida de qualquer cristão. Pascoa me remete à atitude de Cristo. E ela me constrange e me desafia a refletir.
É fato: a grande maioria dos cristãos que se dizem protestantes nesse mundo não está fazendo nada para mudar a sociedade que os cerca. Lemos, estudamos, enchemo-nos de conhecimento da Palavra e de tudo que Jesus nos deixou aqui. Estamos doutrinariamente “na linha”, com nossas agendas metodicamente bem elaboradas para que não haja nenhum imprevisto que nos arranque dos nossos templos. Hoje é um dia assim. E assim a vida vai seguindo, o mundo vai girando e vidas vão se encerrando.
Vamos direto ao ponto: tem cristãos do outro lado do mundo, hoje, agora, que deixaram suas vidas para trás em função de fazerem alguma diferença no mundo, sendo a própria resposta ao que Cristo fez nesse evento chamado “Páscoa”. Pare e imagine agora: há um cristão segurando um esqueleto nesse momento. Há um projétil prestes a se alojar na cabeça de um missionário. Há uma corda prestes a fechar o nó sobre o pescoço de uma mulher. Há alguém sendo torturado numa cela. O pensamento imediato que nos vem a cabeça é: “que apelativo tudo isso…” Pergunto: a realidade é muito dura pra você? Ou a vida de um cristão que busca mudar o rumo da vida de alguém, pela obra da Cruz, te escandaliza?
Não. Não ligue pra uma agência missionária na segunda-feira pedindo informações de como ser missionário na Somália. (ou ligue…) Mas então faça uma coisa: vá até a janela mais próxima de você agora. Olhe as janelas dos apartamentos e das casas vizinhas la fora. Imagine o mundo girando e tente se imaginar envelhecendo. Seu rosto ganhando rugas e suas pernas não aguentando mais seu peso. O tempo está passando e pessoas estão morrendo fora e dentro de suas casas. E a pergunta que não cala é: qual a sua relevância como cristão no dia de hoje? Ou você tem esperado “um chamado” espiritual de Deus para fazer alguma diferença no mundo onde vive atualmente? Não me interessa se você sabe muito ou pouco. Só me importa o que você faz com tudo que sabe, agora. Você é popular em algum grupo de cristãos talvez. Mas alguém lá fora te conhece?
É simplesmente injusto e absurdo que outros cristãos estejam indo a lugares hostis do mundo prontos pra morrer, sendo a resposta da cruz do próprio Senhor Jesus, enquanto continuamos trancados dentro de iglus decorados, elaborando programações coloridas para curtirmos uns aos outros. Desculpem a franqueza. Mas isso é pequeno, é raso, é cômodo, é medíocre. Isso sim me escandaliza. Não quero mais isso pra mim. Uma boa Páscoa pra você, cheia de ovos de chocolate.