Baixei o último disco do Oficina G3, ouvi uns pedaços e deletei. Não curto esse tipo de música. Já tinha essa suspeita antes mas, lá no Moriah, o Fabricio tinha falado que esse último disco era rock de verdade! Até perguntei o que era rock de verdade pra ele, mas ele não deu uma resposta sustentável, e pensei com meus botões, rock de verdade (pra mim ao menos) é Mutantes, Bowie, MC5, Kraftwerk, Sonic Youth, Los Hermanos, Warpaint (minha bandinha preferida de 2011!) e resolvi dar uma chance presse disco do Oficina.
Me frustrei mais uma vez, aquele bom e velho metal que o Milhoranza gosta (mas eu não)!
Não quero criticar o Oficina, admiro os caras pra caramba! Eles tem uma caminhada respeitável e espero que eles lancem uns 30 discos com músicas inéditas ainda! Suas músicas trazem reflexões bem interessantes, mas é uma questão de gosto, Oficina G3 não é o que me agrada…
Quero criticar a música cristã, ou melhor, com os cristãos que fazem música. Eu nunca ouvi música crente, sacra, cristã ou gospel, quer dizer, ouvi (e ouço) muito pouco.
Não é porque eu não queira, é porque existe pouca coisa que eu goste. Não entendo isso, mas parece que a igreja vai convertendo alguns ritmos musicais, de modo que as bandas cristãs caiam num nicho específico, ou seja tudo acaba sendo meio parecido. E eu não sou tão teimoso assim, de quando em quando eu pego uma dessas bandas que a galera crente curte e ouço, mas dificilmente acha uma parada com a qual me identifico.
Me parece que existe um formato gospel, e existe um formato crente alternativo — que é melhor que o gospel — mas que traz sempre soluções e influências parecidas, ou seja tá todo mundo ouvindo Resgate, Palavra Antiga e Tan Lan, e esses são os modelos certos! Parece que existe um modelo santo, e mesmo quem quer sair desse modelo tem dificuldade porque se sente errado, pecador ou sei lá o quê. Entendo que não é fácil sair do modelo, a gente fica ouvindo a vida inteira que o mundo tá errado, como se a gente fosse extra-terrestre, mas é esse maldito modelo que nos escraviza e afasta muita gente de nós.
E depois vem uns caras me encher o saco falando que não dá pra ouvir música que não seja feita por gente de igreja. Gente de igreja tem dificuldade de quebrar regras e fazer música diferente! Eu sou chato pra caramba com música e quero coisa diferente, quero novos ritmos e letras ricas, quero a cadência do Cartola com o peso do Foo Fighters, quero a inocência do rei Roberto Carlos com o protesto do Rage Against the Machine ou do Public Enenmy, quero a inconsequência do Beastie Boys com a busca por um mundo melhor do U2! Não quero pouca coisa e não quero coisa ruim, mas acredito que assim que é o Reino dos Céus, não umas migalhinhas, mas um banquete com um monte de tipo de comida e com gente de uma pá de culturas diferentes!
E pra fechar não me venha com pedradas! Se quer que eu não fique promovendo aquilo que você chama de música do mundo, ma faça um favor, faça ou articule umas bandas nos moldes que citei aí em cima, aí eu paro de promover a música boa do “mundo” e passo a promover a música extra-terrestre! Não é uma parada simples, mas também não é impossível, basta culhões e boas ideias!
Falando em música extra-terrestre, a banda Spirtualized, bandinha de space-rock tem um disco que é baseado em hinos, esses de igreja, que é fenomenal. O disco se chama Amazing Grace e é a capa dele que ilustra este post. Apesar das letras serem bem desesperançadas, é engraçado ver como a igreja influencia a cultura, só é problemático quando essa influencia é de trevas e não de luz.