Quando religiosos criticaram Jesus por se misturar com prostitutas e pecadores, Jesus responde “não são os saudáveis que precisam de médico, mas os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lc 5:31).
Talvez dê pra interpretar, pelas palavras de Jesus, que há quem seja plenamente saudável e não precise da Graça. Se houvesse esse tipo de gente, com certeza os religiosos se achariam parte desse grupo. Só que a gente sabe que não há.
Mas existem, sim, pessoas que acham que não precisam da Graça do Evangelho. Pessoas que se acham justas, santas, puras, limpas. E mais, que se acham em posição de legislar, julgar e executar sua pretenciosa “justiça” sobre imundos infiéis.
Talvez em seu mais sofisticado registro teológico, Paulo escreve longamente aos Romanos sobre a relação entre a Lei e a Graça. Vale a leitura. Em suma, a lei de Deus é boa, mas, se ela nos fosse viável, Jesus seria dispensável. Não conseguimos, não dá, e quanto antes entendermos isso, mais identificados seremos com as prostitutas e pecadores do que com os “santos” religiosos.
Quem bate no peito orgulhoso da sua santidade não precisa de Jesus. Quem oprime os pobres não precisa de Jesus. Quem é violento em ações em palavras, também não. Quem ameaça, rejeita, ofende, ataca, não precisa de Jesus. Pode até usar o rótulo de “cristão”, mas é só isso mesmo, uma usurpação. Túmulos decorados, bonitos por fora, mas podres por dentro.
Quando eu reconheço minha condição de pecador e dependente de um Amor que eu absolutamente não mereço e não posso fazer nada para merecer, aí eu choro junto, ando ao lado, abraço, oro, respeito, defendo, amparo e socorro a todos. Os que merecem esse tratamento e os que não merecem, como os religiosos. Afinal, Jesus gostava de andar com gente que religião insiste em não gostar, mas não deixava de amar e se relacionar com os religiosos, hipócritas paladinos da lei.
Texto por Hernani Medola.

