O deus que eu não preciso (ou o lamento de um cansado) Estou cansado. Preciso do Deus que promete descanso, não do que me chama pra montanha. Eu não preciso desse deus macho, viril, violento. Preciso de Deus. Manso e humilde.
O filho da dona Maria não combina com esses uniformes, gritos de guerra e equipamento high tech. Preciso do Deus que se faz fraco por amor, que lava os pés dos amigos, que chama pra mesa, pra festa, pro íntimo.
Esse deus do trio elétrico, do microfone, das bandeiras, do “pop corn e ice cream”, Deus me livre. Preciso do Deus que fala no silêncio, na solitude, no descanso.
Sou ovelha ansiosa pelo Pastor. Mas pelo Pastor que me faz ovelha, não o que me quer forte e violento. Ovelha que confia e depende do Pastor, não que quer sair pra arregaçar com a raça de qualquer lobo que cruze seu caminho! O lobo que eu preciso vencer sou eu mesmo.
A melhor versão de mim? Deus me livre! Minha melhor versão seria o pior que eu posso ser. Quero menos de mim, sempre, e mais de Ti. “Inquebrantável pro mundo”, de que buraco saiu isso? Ah, Deus, me ensina a suportar, a dar a outra face, a caminhar mais uma légua, a aprender com a sua oração no momento de maior dor e sofrimento, “eles não sabem o que estão fazendo”.
“Ai de vocês, religiosos, hipócritas! Vocês percorrem terra e mar para fazer um convertido e, quando conseguem, o tornam duas vezes mais merecedor do inferno do que vocês” (Mateus 23:15)
“…aprendam comigo, porque sou manso e humilde de coração, e vocês encontrarão descanso para a alma. Pois o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve”. (Mateus 11:29).
Estou cansado das churchs, dos worships, do gospel, das paredes pretas e luzes estroboscópicas. Da fé padronizada, traduzida, performática. Da igreja política e da política da igreja. Deus olha pra oração grandiosa do fariseu e não sei se Ele ri ou chora, talvez o Filho ri e o Pai chora. Mas ambos olham pra constrangida oração do publicano, impelido pelo Espírito, e a trindade o abraça, o justifica.
A oração da humilhada Ana, a oração do resignado Habacuque, a oferta da viúva pobre, a alegrai das desprezadas criancinhas, o desejo da mulher cananeia por migalhas, o louvor de Estevão apedrejado, a alegria de Paulo prezo. O Deus dos fracos e cansados.
Eu tenho certeza que Deus quer que a igreja suba o morro. Mas ela está subindo o morro errado.
Texto por Hernani Medola.

