Meu nome é Giancarlo Marx e hoje vou falar sobre o tema: Tarde e Manhã.
Existe algo que me intriga no relato da criação em Gênesis, e não me refiro ao fato de Deus criar tudo que existe em apenas 6 dias ou mesmo de ter feito a humanidade a partir de um boneco de barro. Nem mesmo a pergunta mais difícil da história da teologia “Adão tinha umbigo?”.
Nada disso.
Me refiro ao modelo de dia apontado pelo texto, composto de tarde e manhã.
Em Gênesis, o dia começa no cair do sol, e se estende pelo nascer do sol. Isso significa dizer que o dia começa com o cair da noite. Isso pra mim sempre foi estranho.
No ensino médio eu tinha uma colega adventista. E estudávamos à noite.
Ela, por objeção de consciência, não frequentava as aulas às sextas. Porque aquilo que para nós era uma simples sexta-feira à noite, para ela era sábado. O dia sagrado.
O fato é que na cultura judaica, o dia se inicia ao entardecer. E isso deveria carregar uma pedagogia para dentro do nosso cotidiano.
O saudoso Eugene Peterson escreveu o seguinte em seu livro Um Pastor Segundo o Coração de Deus:
“A sequência hebraica de tarde/manhã nos condiciona ao ritmo da graça. Vamos dormir, e Deus começa seu trabalho. Enquanto dormimos, Ele desenvolveu sua aliança. Acordamos e somos chamados a participar da criação ativa dEle. Reagimos com fé e trabalho. Mas a graça sempre vem antes, é primária. Acordamos em um mundo que não fizemos, para uma salvação que não merecemos. Tarde: Deus começa, sem nossa ajuda, Seu dia criativo. Manhã: Deus nos chama para aproveitar, compartilhar e desenvolver o trabalho que Ele iniciou.”
A luz desta leitura fica evidente que o modelo perpetuado pela cultura ocidental visa enfatizar uma visão meritocrática da vida.
Para nós, o dia inicia ao nascer do sol. Eu acordo, faço minha higiene, tomo café e trabalho o dia todo. Oito, nove, até 12 horas. E só ao fim do expediente tenho acesso ao merecido descanso.
Eu trabalho primeiro, e sou recompensado depois.
Eu cumpro o rito primeiro, e sou abençoado depois.
Eu faço tudo certo, e só então a divindade, que pode tanto ser YHWH quanto Mamón, me dá o que eu quero.
Mas ao invés disso, à luz da pedagogia acentuada pelo ritmo da criação, o descanso não é merecido.
Ele é a pedra fundamental que inaugura o dia. É uma provisão de Deus para o nosso deleite. E ao amanhecer cada um de nós se engaja em uma existência que já estava lá enquanto descansávamos.
Um sol que não fizemos brilhar. Um dia que não trabalhamos para que existisse. E assim a gratidão a Deus nos move na direção desse dia, e na direção do louvor, que passa a ser muito mais do que uma música.
“Se o Senhor não constrói a casa, o trabalho dos construtores é vão. Se o Senhor não protege a cidade, de nada adianta guardá-la com sentinelas É inútil trabalhar tanto, desde a madrugada até tarde da noite, e se preocupar em conseguir o alimento, pois Deus cuida de seus amados enquanto dormem.” – Salmos 127:1,2
Já tá tarde e eu vou ficando por aqui. Um forte abraço e até o próximo Ampulheta.
PARTICIPANTES:
– Giancarlo Marx
COISAS ÚTEIS:
– Duração: 05m06s
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– Todos os “Ampulheta”
CITADOS NO PROGRAMA:
– Gênesis
– Eugene Peterson
– Livro “Um Pastor Segundo o Coração de Deus” de Eugene Peterson
– Salmos 127:1-2
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