Meu nome é Giancarlo Marx e hoje eu vou falar sobre o tema: O Jejum que agrada a Deus.
O que será que Deus ganha com isso? Eu deixo de me alimentar por um período e consagro este tempo a Ele.
Essa questão sobre o jejum me intrigou muito na minha juventude, até que eu descobri que o próprio Deus havia feito esta mesma pergunta através do profeta Isaías. Bom, pelo menos eu não era o único com essa dúvida.
“De que adianta jejuar, se continuam a brigar e discutir? Com esse tipo de jejum, não ouvirei suas orações. Vocês se humilham ao cumprir os rituais: curvam a cabeça, como junco ao vento, vestem-se de pano de saco e cobrem-se de cinzas. É isso que chamam de jejum? Acreditam mesmo que agradará o Senhor?” – Isaías 58:4,5
É preciso reconhecer que há uma cultura idólatra aqui.
Um acordo não escrito a partir do qual o religioso priva o seu corpo de alimento e Deus supostamente se vê obrigado a ouvir sua oração e responder positivamente à sua demanda.
Analisando friamente isso não é em nada diferente da oferenda ou da promessa feita a uma entidade. Ou mesmo uma greve de fome, como aquelas que militantes fazem a fim de atraírem a atenção para o tema que estão engajados (talvez isso te lembre uma certa convocação presidencial).
Bem, mas é claro que esta não é a única forma de jejuar. Há também aquilo que chamamos de “mortificação da carne”.
O jejum como disciplina espiritual conduz o praticante a um estado de sujeição das suas carências materiais e fisiológicas, lembrando daquilo que é eterno. Neste sentido o jejum é um tipo de meditação.
Seria uma espécie de exercício de “calar a carne para ouvir o Espírito”.
Deste modo, diante de uma dificuldade, uma doença, desemprego, etc, o “ganho” implicado no jejum não seria o de merecer o favor de Deus (conforme-se, você não merece e não vai merecer) muito menos de chantageá-lo com uma greve de fome. Mas sim o de aquietar o coração e elevar seus sentidos, para ouvir com mais clareza a voz do Senhor.
Claro que esta é uma maneira mais bíblica de jejuar. Mas eu entendo que existe um terceiro nível, ainda mais profundo de jejum, que é aquele que Deus deseja, conforme expresso nos versos seguintes de Isaías.
“Este é o tipo de jejum que desejo: Soltem os que foram presos injustamente, aliviem as cargas de seus empregados. Libertem os oprimidos, removam as correntes que prendem as pessoas. Repartam seu alimento com os famintos, ofereçam abrigo aos que não têm casa. Deem roupas aos que precisam, não se escondam dos que carecem de ajuda.” – Isaías 58:6,7
“Então vocês clamarão, e o Senhor responderá. ‘Aqui estou’, ele dirá. “Removam o jugo pesado de opressão, parem de fazer acusações e espalhar boatos maldosos. Deem alimento aos famintos e ajudem os aflitos. Então sua luz brilhará na escuridão, e a escuridão ao redor se tornará clara como o meio-dia.” – Isaías 58:9,10
Você já pensou nessas coisas como jejum? Espero sinceramente que sim, porque é exatamente este o jejum que Deus deseja.
Com base nesse texto, a comunidade dos primeiros cristãos adotou uma prática muito específica: Ela consistia em doar aos pobres aquilo que deixavam de comer nos dias de jejum. Quando jejuavam, ao invés de acumular para o dia seguinte, eles compartilhavam.
Tenho a impressão que isso faz todo o sentido à luz do texto de Isaías, e compreendendo também por uma lógica substitutiva.
Explico: Assim como Jesus tomou nossa culpa, morrendo na cruz pelos nossos pecados, cada cristão é chamado a substituir a dor de seu próximo, vivendo a fome no lugar do faminto. Deste modo, nos assemelhamos ao pobre, mas também ao próprio Cristo que se fez maldito em nosso lugar.
Em seu último discurso aos discípulos, assim que Judas saiu para entregá-lo, Jesus afirmou:
“Agora eu lhes dou um novo mandamento: Amem uns aos outros. Assim como eu os amei, vocês devem amar uns aos outros. Seu amor uns pelos outros provará ao mundo que são meus discípulos.” – João 13:34,35
Amar uns aos outros assim como ele nos amou, significa substituir o outro em sua dor, assim como ele nos substituiu na NOSSA cruz. Não só sentir a dor em nossa carne, mas tomar o lugar dele para que ele não precise senti-la.
Certa vez um pai trouxe seu filho para ser liberto de demônios. Os relatos de Mateus e Marcos contam que os discípulos não conseguiram exorcizar o rapaz. Mas assim que Jesus ordenou, os espíritos o deixaram. Então os 12 questionaram o mestre em particular, pra saber o que haviam feito de errado. E Jesus respondeu:
“Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum.” – Marcos 9:29
A oração nos conecta a Deus. Mas o jejum nos conecta ao próximo. E é tomando o seu lugar que nós o libertamos de sua prisão mais fria e escura: a invisibilidade.
Um abraço caloroso, jejue bastante, e até o próximo Ampulheta.
PARTICIPANTES:
– Giancarlo Marx
COISAS ÚTEIS:
– Duração: 07m28s
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– Todos os “Ampulheta”
CITADOS NO PROGRAMA:
– Isaías 58:4 e 5
– Matéria “Bolsonaro faz chamado para jejum religioso neste domingo contra o coronavírus”
– Isaías 58: 6 e 7
– Isaías 58: 9 e 10
– João 13: 34 e 35
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