Meu nome é Giancarlo Marx e hoje eu vou falar sobre o tema Nossa Amada Idolatria.
Ao lermos na bíblia as histórias dos profetas do Antigo Testamento encontramos uma constante: um ciclo que se repete vez após vez no relacionamento entre Deus e seu povo.
Primeiro o povo de Deus se desvia e passa a adorar outras divindades. Então Deus manda um recado através do profeta, chamando a atenção do seu povo para que se voltem a ele. O profeta comunica a mensagem ao povo, que se arrepende e retorna a Deus. Vivem então um tempo de paz. Pelo menos até que o ciclo se reinicie e eles voltem a adorar outros deuses.
Frequentemente os profetas se referem a este comportamento com uma figura da infidelidade conjugal, ou seja, adultério.
A idolatria talvez seja o pecado mais relatado (e certamente o mais combatido) ao longo da história do povo de Israel. Há no entanto uma certa prepotência nossa. Como cristãos evangélicos, nos julgamos imunes a este pecado, ao passo que consideramos os católicos, por exemplo, como idólatras contumazes.
Falta-nos compreender de maneira mais profunda o que é a idolatria.
Há uma fala do personagem Wednesday no livro de fantasia urbana Deuses Americanos, de Neil Gaiman, que resume bem o meio pelo qual as divindades surgem na história da humanidade. Ele diz: “Deuses são reais se acredita neles”. Não que a crença seja capaz de trazer a entidade adorada à existência, como ocorre no livro. Mas ela objetifica uma intencionalidade, e traz à vida o anseio do próprio adorador.
O deus da colheita, por exemplo, foi gerado nos corações das pessoas quando, por algum motivo, a terra não produziu conforme o esperado. O deus da chuva, quando uma determinada sociedade passou por um longo período de seca. O mesmo provavelmente aconteceu com o deus da guerra, da fertilidade, do amor, e assim sucessivamente.
O que caracteriza um idólatra é que sua relação com a divindade é de utilitarismo. A entidade não é seu verdadeiro “deus”, mas apenas um meio para que o ego do fiel seja saciado. Logo o verdadeiro deus deste pacto é a necessidade do devoto.
Nesse tipo de relação estas entidades são manipuladas através dos mais diferentes ritos. Quer seja por coerção, mergulhando a imagem dela de ponta-cabeça num copo com água, até que cumpra o solicitado; quer seja por aliciamento, quando uma galinha, pipoca, cigarros, ou mesmo os dízimos e ofertas são entregues como uma espécie de propina.
Veja se você encontra alguma relação deste comportamento com aquele descrito em Tiago 4:2-3.
“Pedem o que não têm, e até matam para consegui-lo. Invejam o que os outros possuem, lutam e fazem guerra para tomar deles. E, no entanto, não têm o que desejam porque não pedem. E, quando pedem, não recebem, pois seus motivos são errados; pedem apenas o que lhes dará prazer”.
No verso seguinte o autor da epístola traz a dura sentença que nos faz lembrar a figura de infidelidade utilizada pelos profetas no Antigo Testamento. Ele diz: “Adúlteros! Não percebem que a amizade com o mundo os torna inimigos de Deus?”.
Percebemos, então, que até mesmo nossa crença no Deus da Bíblia pode ser idólatra. E isso ocorre sempre que nossas próprias realizações, metas e prazeres pessoais pautam este relacionamento.
Então qual seria a forma correta de exercermos nossa fé?
Dentre os muitos textos bíblicos que nos ensinam sobre uma fé genuína, eu destacaria aqui a galeria dos heróis da fé, no capítulo 11 da carta aos Hebreus. Os versos 13 e 14 afirmam sobre estes: “Todos eles morreram na fé e, embora não tenham recebido todas as coisas que lhes foram prometidas, avistaram de longe e de bom grado as aceitaram. Reconheceram que eram estrangeiros e peregrinos neste mundo. Evidentemente, quem fala desse modo espera ter sua própria pátria”.
Se colocarmos toda nossa expectativa numa eventual resposta positiva de Deus a nossas aspirações terrenas, estaremos engajados numa adoração idólatra, norteada por nossas carências e necessidades. Mas se por outro lado mantivermos nossos olhos em nossa pátria celestial, cumpriremos nossos dias aqui como homens e mulheres fiéis, dispostos a crer naquilo que não podemos ver. “Pois as coisas que agora vemos logo passarão, mas as que não podemos ver durarão para sempre”. 2 Corintios 4:18b.
Um forte abraço e até o próximo Ampulheta.
PARTICIPANTES:
– Giancarlo Marx
COISAS ÚTEIS:
– Duração: 06m50s
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– Todos os “Ampulheta”
CITADOS NO PROGRAMA:
– Livro “Deuses Americanos” de Neil Gaiman
– Tiago 4:2-3
– Hebreus 11:13-14
– 2 Corintios 4:18b
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