Amanhã (18 de março) estreia na Netflix a 2ª temporada de “Demolidor”, série produzida pelo serviço de Streaming baseada nos quadrinhos do personagem da Marvel. A primeira temporada foi muito bem recebida pelo público e pelo pessoal “manjador dos paranuê” de séries, quadrinhos e toda essa parada que faz o coração dos jovens (e alguns não tão jovens) dispararem.
Particularmente, gostei muito da primeira temporada. Não só pela forma como foi desenvolvida a história, mas por essas “frescuras” como fotografia, planos de captura e iluminação que conquistam meu pequeno coração de editor de vídeo. O Demolidor é um personagem que sempre me chamou a atenção. Obviamente, o fato dele ser cego gera uma baita curiosidade, além dele ser advogado (olha o trocadilho!) e PRINCIPALMENTE pelo viés religioso do personagem. Ele é católico. A fé do demolidor sempre está presente, dando um pano de fundo, gerando conflitos e dilemas interessantíssimos na trama.
Maaaas, agora que já fiz a lição de casa de contextualizar o “universo” desse texto, vou partir ao que interessa: Ben Urich (o jornalista) dando um tapa na cara da galera da meritocracia e instigando os ferrados como nós a perceberem que papel estão desempenhando na sociedade.
***Não se preocupe, não tem spoilers***
No episódio “Shadows in the glass” (o oitavo da primeira temporada), temos o jornalista Ben Urich escrevendo um texto que faria parte de uma matéria do jornal onde trabalha. Enquanto Ben narra o texto, vemos cenas de Wilson Fisk se preparando para mais um dia em seu apartamento de luxo. A cena faz parte do terço final do episódio e auxilia no fechamento de um episódio memorável.
Mas, vamos pegar o texto do jornalista e pensarmos nele separadamente. Pra quem assistiu a série, a análise se torna ainda mais interessante. Pra quem não viu, vale o raciocínio isolado e as comparações com a nossa sociedade.
Vamos falar de Meritocracia?
Cena do episódio com o discurso:
Texto de Ben Urich transcrito:
“‘Você colhe o que semeia.’
É um velho ditado.
Um que sobreviveu ao tempo, porque é verdade.
Na maior parte.
Mas não para todos.
Alguns colhem mais do que semeiam.
Porque acreditam não ser como os outros.
Que as regras, aquelas de gente como você e eu, gente que batalha para viver, não se aplicam a eles.
Que eles podem fazer o que quiserem e viver felizes para sempre, enquanto o resto de nós sofre.
Eles fazem isso nas sombras. Sombras que criamos.
Com nossa indiferença. Com nossa incrível falta de interesse em algo que não nos afete diretamente, aqui e agora.
Ou talvez seja a sombra do cansaço. De como estamos cansados de batalhar para voltar a uma classe média que não mais existe, por causa daqueles que pegam mais do que merecem.
E continuam pegando, até que só reste para nós uma lembrança de como as coisas eram antes das corporações e lucros decidirem que não importamos mais.
Mas importamos.
Você e eu. As pessoas desta cidade.
Nós ainda importamos.