A Igreja Grace Gelder

Grace Gelder é o nome da britânica que resolveu anunciar a amigos e parentes que estava cansada de ser solitária e de esperar pelo homem CERTO para se casar, e assim, numa inusitada cerimonia de casamento que contou com 50 convidados, realizada no décimo sexto dia do terceiro mês deste ano, ela casou-se consigo mesma. 

 141008110005_autocasamento_624x351_amygrubbAfirmou ao The Guardian que “Realmente queria fazer um tributo a este período aventureiro de auto-descoberta mas, ao mesmo tempo, ansiar por uma nova fase”, e concluiu dizendo que “O dia foi obviamente centrado em mim, o evento final foi um espelho para eu beijar a mim mesma, mas senti que estava compartilhando algo muito especial com meus amigos ao dar a eles a oportunidade de refletirem sobre suas concepções sobre amor e compromisso”. link

Motivo de risos para a maioria de nós, que somos normais e não lunáticos como essa garota, e supondo que isso não seja uma jogada de marketing, a atitude desa fotografa me fez, de dentro de um furacão eleitoral, questionar algumas coisas um pouco mais a a fundo nessa situação, expondo que mais que uma maluca, essa garota pode ser o símbolo de uma sociedade e de uma igreja que está pedindo socorro. 

Mas qual é o a mensagem que essa garota pode nos passar, mesmo sendo assim tão excêntrica? Se por um lado ela cansou de esperar, fazendo eco contrário a milhares de jovens evangélicos brasileiros, muito mais que isso, ela está, com essa atitude, mostrando que é cada dia mais difícil conviver com outras pessoas.

Durante as eleições, PTRALHAS e TUCANALHAS tem que admitir que as redes sociais ficam intragáveis as vezes, e uma vontade louca de mandar todos a merda surge na medida que rodamos nossas time-lines, né? Ao ponto que até pessoas que admiramos muito em algum outro aspecto, as vezes parecem insuportavelmente insistentes e equivocados noutro aspecto. Ouvi muito isso nesse período e varias pessoas vieram me dizer que deixariam de me seguir durante as eleições e eu admito, as vezes, até eu mesmo me acho muito chato em alguns pontos, mas não é para recobrar esses antigos seguidores que escrevo este texto… Voltemos ao assunto principal.

Da mesma forma que eu desagradei vários, recebi também muita gente me questionando coisas como:

Porran, barba… O Ari Junior tá insuportavel heim… gosto muito dele como pastor, mas vou deixar de seguir”

ou

Não acredito que o Ed, o Ziel e o Bebeto estão apoiando a Marina, não esperava isso deles, fiquei descepcionado… Unfollow”

Pois bem, perceba que nas duas frases, fica claro que a pessoa ficou triste porque tinha grande estima pelas pessoas citadas mas estava decepcionada por eles estarem demonstrando apoio a um ou outro grupo politico e por conta disso, estaria dispostos a deixar de segui-los nas redes sociais. Ok, deixar de acompanhar pelas redes sociais não é nenhum fim do mundo, mas mostra que somos um povo cada vez menos disposto a conviver com quem pensa diferente, de maneira que até a menção dessas ideias contrárias na tela de nossos celulares já torna-se algo intragável. Cada vez menos estamos dispostos a fortalecer nossas relações galgados numa atitude que é fundamento para o cristianismo,  a tolerância que torna a igreja um ambiente inclusivo e heterogêneo 

Igrejas de surfistas, igrejas de metaleiros, igrejas gay e igrejas para empresários, entre outros são a prova de que não queremos mais conviver com quem discorda de nos, de quem tem outros interesses, outros valores, e nos tornamos cada vez mais concentrados nos nossos interesses pessoais e inversa e proporcionalmente, distantes do interesse principal do reino de Deus, que e a constituição de uma nova humanidade com uma mentalidade convertida que possa abraçar o mundo inteiro como nos manda, o próprio Cristo, em Mt 28.

Rimos da moça britanica que colocou um vestido para uma serimonia onde o único objetivo era ser o centro das atençoes por um dia, mas tomamos cada dia mais atitudes identicas à dela, quando nos privamos de nos relacionar com portadores de pensamentos opostos que possam confrontar nossas verdades absolutas e nossos objetivos. Uma cultura egísta disfarçada de cristianismo mostrou durante um tempo que não deveriamos ouvir musicas do mundo, livros do mundo, filmes do mundo, roupas do mundo, amigos do mundo etc, concentrando num grupo pequeno de lideres todo o interesse e todos os planos que esse nicho deveria ter, criando assim, um grupo facilmente manipulado por não ter qualquer referencia externa ao grupo… Mas há aqueles que alegam que isso ficou nos anos 90 e que hoje, com o acesso a informação que temos pela internet, nenhum cristão se porta assim! Ilusão… Na nossa ansia por ser sempre exclusivos e inequívocos, acabamos por nos mergulhar nas palavras dos reformadores de maneira tão profunda que esquecemos da importante influencia do pentecostalismo no Brasil e como “o cristo” dos pentecostais encontrou lugares que nenhum almofadinha reformado jamais terá condições de ir. Mas não vou deixar o grupo a que pertenço de fora, nós, os progressistas, amamos tanto a teologia da missão integra ou a teologia da ibertação, que acabamos nos tornando os facistas do bem, julgando que todos aqueles que não tem exatamente a mesma doutrina que a nossa, não é assim tão digno de declarar Cristo ao mundo, achamos que a gritaria dos pentecostais e a dureza dos neo-reformados os descaracterizam como verdadeiros adoradores de Cristo… a verdade é que somos todos, pentecostais, neo-reformados e progressistas, completamente insuportáveis… Como alguém em sã conciencia irá nos suportar?

Eis o ponto crucial, o ponto da CRUZ. Não há uma única maneira de apontar para o evangelho que sendo manifesta homem possa ser plenamente perfeita, somos completamente incapazes de preferir o evangelho integral a partir de nosso ponto de vista apenas. Cristo não buscou um grupo de iguais, andava com Zelotes e com cobradores de impostos, andava com brucutus e com pessoas ultra sensiveis… Nos nossos dias, Cristo escolheria membros do PSDB e do PT, membros do DEM e do PSOL… conservadores e liberais, prostitutas e freiras, gays e homofobicos, colocaria-os todos numa mesma mesa e proferindo novamente o pai nosso, diria: CONVIVAM COMO IGUAIS! Façam-se irmãos. Orem pelo pai que é NOSSO, o qual ninguém é dono, antes, ele é que é o dono de todos… Peçam pelo pão que é nosso e se algum tiver pão não deixe seu irmão passar necessidade, num paradoxo que é característico do cristianismo, considerem-se iguais e nunca iguais, consideren-se únicos e individuais, mas uma comunidade de semelhantes, uma nova humanidade, homens que de tão homens, tão humanos, tornam-se santos ao compreender que a humanidade com suas caracteristicas intrinsicas, entende-se tão necessitada de Deus, que torna-se santa, torna-se reino, torna-se céu.

É claro que eu ficou puto com alguns amigos que vão votar em outros candidatos que não os meus… É claro que eu fico puto com as maluquices pentecostais e com as idiotices dos neo-reformados… Mas me recuso a desconsidera-los meus irmãos se em meio suas manias eles não deixem de adorar a Deus…

Sejamos capazes de baixar a guarda e encontrar nossos pares para que no que eles supram nossas necessidade, possamos ser dependentes e em tudo oque lhes falta, possamos ser provedores, para não nos tornarmos uma grande noiva sozinha, comemorando o casamento, sem a presença do noivo.

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