No último domingo fui a igreja um tanto quanto desanimado. Coisas sobre a vida mesmo. Mas algo que me deixou esperançoso foi um debate sobre fé cristã e cidadania/vida política que ajudei a realizar um dia antes. Sabe aquela coisa que nutre a esperança?
Mas voltando ao domingo: ao sair da igreja, a caminho para casa, me deparei com algo que muito me irritou: um amigo me mostra um marca páginas e um folheto. Objetos normais em qualquer igreja exceto por um detalhe – este material não fala de Cristo. Nisto, este amigo fala em se livrar do “lixo”. Lixo este, é um folheto falando do compromisso de determinado candidato com a Igreja brasileira. E o marca páginas, de dimensões para uso em Bíblias, acompanhava atrás uma ‘colinha’ para levar no dia da eleição e na frente a foto do candidato e poucas linhas afirmando que existem “800 projetos de lei que estão em votação que são uma ameaça a igreja brasileira”.
Recebi sem ler sobre o conteúdo: acabei notando o teor (ou terror) do material só quando cheguei em casa.
Primeiro, que algumas afirmações precisam de provas – que projetos de lei são esses? Se não tiver como provar, tal material é mentiroso, e nisso faço uma pergunta para qualquer criança que voltou do cultinho infantil: quem é o pai da mentira mesmo?
Segundo: afirmar que precisamos de um “representante cristão” para garantir alguma espécie de sobrevivência a igreja é o mesmo que afirmar que não confia na providência Divina. A igreja nos seus primeiros anos foi perseguida, massacrada com mentiras e não lemos nas cartas de Paulo algo sobre se organizar e dominar a região politicamente para a igreja continuar de pé. Alguns podem acreditar em contextos, mas olhando além, para Cristo, em momento algum vemos algo sobre revolucionar a política ou fazer um ‘golpe’. Porque não é esta a missão da igreja, e não é isto quando falamos em sinalizar o Reino de Deus.
“Ah, mas a igreja precisa de fulano na câmara!”
Será? A igreja não precisa disto. Precisa é reconhecer a soberania de Deus. O Brasil não precisa de pastores deputados, bispos senadores ou apóstolos presidentes – e sim de pessoas que estejam na capital federal em defesa do marginalizado, garantindo justiça para todos. Pastor deve estar, como o próprio nome diz: pastoreando sua igreja, cuidando e instruindo cada pessoa.