Porque a Igreja Brasileira é tão agressiva, egoísta e preconceituosa?

Deixa eu contar uma historinha.

No princípio tudo era bonito. Homens e mulheres se reuniam felizes para louvar ao Senhor sem muita xurumela ou blablablá. Aí esses homens e mulheres tiveram uma ideia. Uma grande ideia: maaano!, isso aqui é tão bom, tão bonitinho, tão gostosinho, bem que a gente podia falar pra todo mundo como tudo aqui é tão bom, tão bonito, tão gostoso, e, se pá, velho, se pá, rolava juntar uma rapaziada pra ficar mais legal, mais cheio, mais mais. Morou?

E assim foi. A ideia foi abraçada com fervor.

Fizeram congressos, criaram bandas e superstars, compraram espaço na tv, criaram podcasts temáticos.

Tudo pra juntar uma rapaziada e ficar mais legal, mais cheio, mais mais. E deu certo.

No começo tudo deu certo. A parada cresceu, ficou feliz, juntou um monte de gente. O povo usava microfone e cantava aquelas músicas ruins juntos. Era massa.

Mas a coisa saiu do princípio.

E teve outra parada. Gente feia (da perspectiva de alguns, não da minha) e estranha (da perspectiva de alguns, não da minha) começou a chegar na parada. Gente diferente que não parecia com a gente.

E é aqui que o bicho pega. Alguns dos caras do princípio não curtiram o cheiro diferente, as cores diferentes, o jeito de falar diferente e eles começaram a falar que não dava pra ser tão diferente assim, a gente tinha que ser, tipo assim, meio parecido, tá ligado? Deus curte todo mundo, os caras falavam, mas Ele curte mais quando a gente parece uma massa facilmente identificável que pensa igual, veste igual, anda igual, transa igual e ignora nossos defeitos igual. Morou?

E os caras falaram isso nos congressos, na tv e nos podcasts temáticos. Usaram os superstars como exemplo: olhe como eles falam bonitinho, cheiram bem e são bem branquinhos. Esse o modelo. Se você não consegue ser igual a eles, tudo bem, seja mais ou menos igual que a gente (tenta) ignorar as diferenças.

Mas isso só era uma parte dos caras do princípio.

Tinha uma outra galera que tinha uma pegada bem diferentona. Teve gente diferente que dizia que o legal era o diferente. E teve gente que ficou magoadinha porque tinha gente falando isso. O povo ficou brabo e eles começaram a brigar. Tipo, brigar com todo mundo. Tipo, até com quem não tinha nada a ver com a história. Ficou até meio chato sair na rua. As vezes alguém simplesmente gritava com você por causa do bigode. Bi-za-rro.

Trocaram o amor pelo rancor e a coisa ficou desse jeito. Meio diferentão do princípio.

Trocaram o princípio que era tão bom, tão bonitinho, tão gostosinho por isso aí. E acharam que isso aí era melhor que aquilo lá.

Afinal, né?, agora são mais ricos, mais famosos e mais poderosos. (Dizem por aí, que, as vezes, um dos ricaços do princípio até comenta com nostalgia: lembra do banco de madeira duro e desconfortável, a gente só cantava com violão, era legal né? Quase que sai uma lágrima dos olhos e quaaase que um sentimento de perdição toma conta. Mais aí eles entram no sua Pajero, ligam o ar condicionado, botam aquele louvor poderoso e saem enganando a si mesmos.)

Então, é por isso que a igreja brasileira é tão agressiva, egoísta e preconceituosa.

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